Conexões de sangue poético
Arale Fa´yax,
Com passos furtivos como a névoa da manhã,
Carrega consigo, nas dobras de sua capa de sombras e mistérios
Os pergaminhos de sangue, que são mais do que palavras,
São o pulsar do destino, a assinatura do universo no fio da existência.
Cada rolo, cada pedaço de carne redigido, identidade cruzada,
É um véu que se rasga diante dos olhos dos deuses e dos monstros,
Cada página transpirando o vermelho das profundezas,
Escarlate, fervente como o coração de uma estrela moribunda.
A máquina de escrever, feita de ossos quebrados e reconstituídos,
Brilha com a luz de uma lua sangrenta,
Em seus teclados, o sangue pulsa com vida própria,
Vibrando, dançando, como se as palavras que ela escreve,
Fossem mais que ecos de dor, fossem orações que rasgam os véus.
Um sangue que flui das páginas é mais do que mero fluído,
Destino que escorre, é o mapa que guia a caçadora da ceifadora.
Oh, pergaminhos de sangue, amarrados com fios de terror e desejo,
Onde a tinta é o próprio sangue do universo,
Revelando as verdades ocultas nos recessos das almas,
Nomes dos que se aventuram por este castelo sombrio.
Um nome, em particular, surge com a gravidade das estrelas caídas:
"Gaia?"..."Terra?"
A filha da brasa, de uma madeira que sangra uma tinta vermelha
Uma terra do dourado doente do verde, da raiz,
Uma índia de arco e flechas, de olhos como a terra escura,
Onde o verde se mistura com o preto da noite,
Sua pele, um espelho do solo que abraça a vida e a morte.
Suas mãos, marcadas pela terra, pelas raízes,
Carregam o peso do que é ancestral,
E sua presença é uma tempestade de sabedoria,
De um povo que não é de uma terra, mas do próprio coração de Gaia.
O avatar da nação da Brasa é o da serpente e da árvore,
Onde os galhos se entrelaçam com os dedos,
Os olhos, como esferas de obsidiana,
Vêm não do rosto, mas da alma da terra,
Guardiana do segredo, do ciclo eterno do renascimento.
Ela pisa nas pedras, mas sua alma voa com as aves ancestrais,
Vossa voz é o canto que ecoa nas florestas e rios,
Nos ventos que sussurram histórias de um tempo antes do tempo.
O pergaminho, com sangue que agora flui como um rio celestial,
Revela sua jornada – uma peregrinação em busca da verdade.
Ela vem, a guerreira de pele que nunca se apaga,
Com a força das raízes e a suavidade das folhas ao vento,
Sua missão é clara, como o brilho das estrelas sobre a selva noturna,
A extirpar as feridas que o homem e a besta causaram ao planeta,
A tecer o feitiço do equilíbrio, onde os homens falharam.
Mas a máquina de ossos não se detém,
Ela continua a escrever, e o sangue é a chave para o futuro,
Para cada ser que adentra o castelo – com a alma marcada,
Com seus passados e destinos entrelaçados como fios de uma tapeçaria
Cada nome que ela escreve, cada imagem que ela evoca
É uma jornada, uma história, um eco que se perde nas trevas,
Mas também se ergue na luz, como a chama da vela que ilumina os caminhos.
E tu, Arale Fa´yax, filha das estrelas e da sombra,
Carregas esses pergaminhos como os segredos dos mundos,
Com olhos que sabem, que veem, que interpretam o invisível.
A máquina de ossos brilha, pulsando como o coração do castelo,
E o sangue, fluido e quente, revela as verdades que só tu podes entender.
Pois tu és a guardiã das palavras e das criaturas,
os pergaminhos de sangue serão sempre teu guia,
Na eterna caçada ao que se esconde, ao que se alimenta da vida alheia.
Filha da terra, eco do passado,
Teu avatar se reflete no sangue, mas também na floresta,
Onde a natureza ainda canta a canção do equilíbrio perdido,
Guerreiras de raízes e ventos, és a esperança de um novo amanhecer.
Anelly, de traços como sonhos que não se dissipam,
Astrid, cuja mente afiada esculpe o invisível.
Maria, entre a ciência e os mistérios das ervas,
guarda segredos que tanto curam quanto destroem.
Há também Nauärah, guardiã de silêncios e flechas,
uma guerreira cujo espírito se ergue como torres ocultas.
Olga, enigma em carne, uma beleza avassaladora,
tece entre seus passos o fio da verdade e da dúvida.
E tu, Rute, sob o signo das orquídeas roxas,
tens o mundo a descobrir, mas também a temer.
Caminhas entre os espectros, vislumbre das estrelas,
e o que é visível nem sempre é o que deves tocar.
A Sinfonia do Castelo que minha máquina de ossos compõe para vossos honrados companheiros; lhes entrego a minha poesia de sangue,
Ó Drácula, maestro de formas e sombras,
teu castelo não é mero edifício,
mas uma partitura onde cada hóspede é nota viva
Com mãos invisíveis moldas a estrutura,
mas é nas mentes que esculpes o eterno.
O tempo aqui não obedece ao sino,
mas pulsa ao ritmo da alma coletiva.
Cada corredor guarda histórias,
e em cada aposento, enigmas aguardam o destemor.
Concluo estas linhas com o coração em vertigem,
pois vejo que não sou mais quem entrou,
mas parte de algo maior, algo inominável.
Que mistérios ainda esperam, ocultos nas névoas?
Ó, diário, sê tu minha âncora,
e guia-me nas trilhas de um castelo que é tanto destino quanto perdição.
Eis que tua jornada se faz trilha obscura,
um verso de trevas entoa aos teus pés.
A ladeira íngreme, mergulhada em negrume,
te acolhe, não com braços de mãe, mas garras.
Oh, espírito inquieto, que força te guia?
Que ânsia mordaz te faz seguir ao abismo
onde o luar se esconde e o vento murmura
segredos que os vivos não ousam ouvir?
O castelo ergue-se, soberbo, em silêncio,
mais alto que sonhos, mais frio que tumbas.
Sua face é esculpida em pedra que chora,
e os vitrais, como olhos, espelham tormentos.
As portas — que brilham em rubro carmim —
parecem pulsar como corações vivos.
Oh, que ironia! Na madeira calada,
ecoam promessas de fim ou começo.
Teus pés hesitam; tua alma vacila.
Deverias, mortal, adentrar o mistério?
Ouvirás os murmúrios dos que foram antes?
Sentirás o sopro do passado sombrio
que percorre os corredores como sombra?
Mas a aldrava convida com firme apelo.
Não são as mãos que decidem, mas o peito,
e no peito há um grito que exige resposta.
Eis então, que escolha farás, ó caminhante?
Tens a coragem de golpear a porta
ou o silêncio da noite será teu refúgio?
Lembra-te: o que repousa atrás do portal
não retorna ao mundo da luz sem cicatriz.
Elas se calaram… as vozes do meu abismo. E agora perduro em Selenoor como quem a ela pertence, uma rainha índigo de sangue e solidão…