Chegamos ao Outono, estação que não apenas nos inspira nesta 15ª Edição, mas também nos convida a refletir sobre ciclos, despedidas e renascimentos. E, em meio às folhas que caem e ao frio que se anuncia, trazemos uma reinterpretação da Páscoa, resgatando suas raízes pagãs e transfigurando-a em uma celebração única: Aesttera.

Diferente da visão tradicional, Aesttera não se restringe à renovação primaveril, mas abraça o paradoxo da fertilidade e da esperança em meio à aridez e ao esfriar do tempo. Neste rito, os homens e mulheres se vestem em trajes de gala e ocultam seus rostos sob máscaras de coelhos, símbolo de vitalidade e abundância. 

O banquete se inicia sob a luz tênue de candeias, num entardecer carmim-cinéreo, e a bebida mais aguardada é o vinho da Maçã Sangrenta, extraído da única espécie frutífera desse período. Seu sabor é doce, levemente ácido, intenso e carregado do aroma das folhas secas e da madeira orvalhada. Entre danças e brindes, o povo se perde na embriaguez ritualística de Aesttera.

No entanto, nem tudo se curva a essa fascinante alegria. Para que haja vida, por vezes, é preciso morte; e para merecer o orvalho suave de uma manhã fértil, há de se entregar em sacrifício. O Outono tinge-se de sangue nas mãos de cultos e seitas que glorificam a fertilidade mesmo que, para isso, uma oferenda viva seja exigida. Alguns rituais são mais macabros do que ousamos imaginar — e há lendas mórbidas sobre os rostos dos convivas... você terá coragem de arrancar-lhes as máscaras e, então, encarar o que há por detrás delas?

Boas-vindas à Aesttera! Cuidado com a embriaguez pelo vinho da Maçã Sangrenta e fique atento se os coelhos começarem a sorrir para você.

Com fértil e macabro carinho,
A Anfitriã: Sahra Melihssa