As 10 Mais Terríveis Lendas Urbanas do Mundo
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
O que são lendas urbanas?
Lendas urbanas são narrativas misteriosas, por vezes macabras, que circulam entre as pessoas, contadas de boca em boca, adaptando-se ao tempo, ao lugar e aos medos de cada geração. Diferente dos mitos ancestrais, essas histórias têm um pé no cotidiano, como se pudessem acontecer com qualquer um — com você, com alguém da sua rua, com uma prima da sua vizinha. São, muitas vezes, ambientadas em cidades, escolas, hospitais, estradas ou casas comuns. Elas carregam o poder do “quase-verdadeiro”, provocando aquela sensação inquietante de que poderia ter acontecido e que talvez tenha mesmo acontecido
Embora muitas dessas histórias pareçam fictícias, é difícil dizer que são mesmo pura fantasia; elas revelam verdades emocionais e sociais profundas, funcionando como espelhos obscuros das ansiedades humanas: medo da morte, da solidão, da violência, do desconhecido. A beleza sombria das lendas urbanas está no modo como elas grudam na memória, como uma sombra atrás da porta entreaberta. Mas a verdade é que, sendo ou não reais, elas são capazes de tirar o nosso sono à noite.
Veja abaixo a lista das mais terríveis lendas urbanas do mundo.
1. A Mulher de Branco (diversas versões pelo mundo)
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Ela caminha à beira das estradas como quem busca o que nunca será devolvido: um filho perdido, um amor que se partiu, um destino violado pelo peso do mundo. Presente em inúmeras culturas, a Mulher de Branco é uma assombração universal, como se o luto feminino tivesse escolhido um único vestido para atravessar séculos e continentes. Dizem que aparece nas noites em que a neblina roça o chão como véu de noiva esquecido. Chora, murmura nomes, estende o braço em busca de carona — e se você a olhar duas vezes, será tarde demais. Em 1995, no interior de Ohio, uma mulher chamada Charlotte relatou ao jornal local que o marido parou o carro para uma jovem vestida de branco. Desde aquela noite, ele não é mais o mesmo. Sonha com gritos afogados, acorda suando em pleno inverno, e diz — quando tem coragem — que ela ainda está sentada no banco de trás. O mais estranho? O carro nunca mais fechou direito aquela porta.
2. O Homem do Saco (Brasil)
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Poucas figuras do imaginário popular brasileiro são tão temidas quanto o Homem do Saco. Embora muitos o considerem parte do folclore infantil — uma invenção para disciplinar crianças traquinas — há um lado mais escuro dessa história que paira como uma névoa pesada sobre bairros antigos, principalmente nas periferias urbanas. Dizem que ele perambula pelas ruas com um saco imenso nas costas, recolhendo crianças desobedientes, desaparecendo com elas sem deixar rastros. Mas há relatos que transcendem o didatismo e mergulham no terror puro. Na Zona Leste de São Paulo, quando eu ainda era pequena, algo aconteceu que nunca mais saiu da minha memória. O Lucas, filho da vizinha, contou que viu “um homem estranho com um saco” passando pela frente da nossa rua. Avisou a mãe, assustado. E ela, ao olhar pela janela, enxergou um velho de andar irregular, carregando o tal saco. Mas o que realmente a fez chamar a polícia não foi a aparência dele — foi o movimento dentro do saco. Algo se contorcia lá dentro. Algo pequeno, algo... vivo. Segundo ela, parecia o tamanho de uma criança. A polícia veio, mas o homem já havia sumido. Naquela semana, não brinquei no quintal. Nem na próxima. E até hoje, ao ouvir passos arrastados pela calçada, eu ainda me arrepio, como se aquele Homem do Saco pudesse voltar, mesmo eu não sendo mais criança.
3. Bloody Mary (Estados Unidos)
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Diante do espelho, à meia-noite, quando a casa adormece e o mundo parece conter a respiração, basta repetir seu nome três vezes: Bloody Mary… Bloody Mary… Bloody Mary. A tradição é conhecida — e temida. Mais do que uma brincadeira de escola, a lenda evoca o espírito de uma mulher injustiçada, enlouquecida pela dor ou pela fúria, que emerge do outro lado do vidro para ceifar o que lhe resta de justiça. Suas origens se entrelaçam com histórias antigas de bruxas queimadas, rainhas enlouquecidas pelo sangue e crimes silenciados à força. Em um antigo fórum do 4chan, há um relato que fez os olhos digitais da comunidade tremerem: um adolescente afirma que, ao realizar o ritual com dois amigos, algo real aconteceu. O espelho escureceu por dentro. Uma figura ensanguentada se formou; os cabelos pingavam como se tivessem sido lavados em carne crua — e então ela atravessou. Dois dos participantes, segundo ele, jamais acordaram. E desde então, ele não consegue mais encarar um espelho. Pois, quando o faz, seu reflexo carrega não apenas o peso do horror que viveu… mas uma companhia. Sempre ali, atrás dele, com os longos cabelos loiros molhados, como se nunca tivesse partido.
4. O Fantasma que Grita de Yokocho (Japão)
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Dizem que em certos becos de Tóquio, aqueles tão estreitos que o céu parece um corte fino acima da cabeça, há um espírito que não quer ser esquecido. Ele aparece apenas quando alguém caminha sozinho — o som dos próprios passos sendo a única companhia até que… se ouve o grito. Um grito tão humano, tão rasgado, tão repentino, que o instinto é fugir, mas o corpo simplesmente trava. A lenda — obscura até mesmo dentro do Japão — conta que o fantasma é de um homem brutalmente assassinado ali, no silêncio abafado da noite, e que ninguém ouviu seus últimos gritos. Por isso, agora, ele grita por todos os que não puderam. Grita até ensurdecer. Grita até enlouquecer. Um dos poucos relatos conhecidos envolve uma senhora que teria perdido completamente a audição após cruzar um Yokocho ao entardecer. Mas o estranho é que esse relato jamais se espalhou, como tantas outras lendas urbanas. Algumas pessoas afirmam que há esforços para silenciar a história, pois os becos atraem turistas e há interesses em manter as rotas “seguras”. Outros dizem que o fantasma não quer ser lembrado… ele quer ser ouvido. E quando grita, o que ecoa não é apenas o som de sua morte, mas o peso do mundo que não ouviu ninguém.
5. O Bebê Chorando no Beiral (México e América Latina)
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Poucas coisas são tão perturbadoras quanto ouvir um bebê chorar onde não deveria haver nenhum. E é exatamente isso que acontece em algumas noites abafadas nas cidades do México e da América Latina: um lamento frágil e insistente escorre dos beirais, dos telhados, das frestas entre o telhado e o céu. Quem ouve — principalmente mulheres — sente o coração apertar. O som parece vir de cima, de muito perto, como se um recém-nascido estivesse sozinho e em perigo. Mas o que espera no alto não é um bebê… é uma entidade. Algo que sabe imitar o desespero com perfeição. Dizem que quem segue o choro pode ser atacado por algo que não tem rosto, apenas mãos longas e uma fome antiga. Um dos relatos mais inquietantes circula de forma anônima sobre uma noite movimentada na famosa rua Álvaro Obregón, no México. Entre turistas e luzes, apenas uma mulher escutava o choro. O som era real para ela. Seus amigos a seguraram quando ela tentou escalar uma escada de serviço, convencida de que havia uma criança em apuros. E foi só quando ela desistiu… que ouviu. Uma risada gutural, densa como fumaça, seguida de uma voz grave que sussurrou ao seu ouvido: “Volta, mamãe.” Desde então, ela diz que o som do choro ainda a encontra, mesmo nas noites mais silenciosas, mesmo quando não há telhado acima.
6. O Boneco Robert (Estados Unidos)
Imagem da web
À primeira vista, é apenas um brinquedo: um boneco antigo de feições desbotadas, olhos vítreos e sorriso ausente. Mas por trás do pano costurado e do uniforme marinho, mora uma presença — algo que observa, reage e se ofende. O boneco Robert, atualmente preservado em um museu na Flórida, é conhecido por amaldiçoar aqueles que o desrespeitam. Visitantes afirmam que ele muda de posição quando ninguém está olhando, que seus olhos acompanham cada passo e, nas madrugadas mais silenciosas, pode-se ouvir um leve som: algo entre uma risada infantil e o ranger de juntas de pano seco. Embora sua origem seja americana, a lenda dos bonecos amaldiçoados atravessa fronteiras, como se existisse uma verdade universal no medo que sentimos diante de olhos inertes que parecem… vivos. Quase todo o país tem sua versão: um brinquedo que não aceita o esquecimento. E, às vezes, o horror não é lenda. Quando eu era criança — e isso ainda me pesa na memória — havia uma boneca da Eliana, do meu tamanho, que piscava para mim à noite. Diziam que era imaginação… até o dia em que ela mudou de lugar sozinha e, então, foi levada para o lixo. A infância, desde então, nunca mais foi exatamente segura.
7. O Zelador do Prédio abandonado (São Paulo)
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
No ABC Paulista, em 1987, um prédio abandonado se erguia como uma sombra viva em frente a uma escola estadual. Seus andares vazios, janelas estilhaçadas e paredes cobertas de musgo atraíam os estudantes como um ímã sombrio — fosse pela adrenalina de uma invasão noturna, fosse pelo desejo de escapar da rotina escolar em festinhas proibidas. Mas logo os relatos começaram. Silenciosos no início, como cochichos entre colegas; depois, estampados no jornal interno da escola. Muitos afirmavam ter visto a mesma figura: um homem velho, magro, de semblante vazio e olhar opaco, carregando um molho de chaves que tilintavam como sinos de advertência. Ele surgia do nada e caminhava rápido, como se já soubesse onde os invasores estavam. Perseguia, correndo. E ninguém jamais quis descobrir o que acontecia se ele os alcançasse. Um rumor, persistente e cruel, dizia que o zelador assassinara uma aluna ali dentro, nos últimos anos de funcionamento do prédio — mas a história nunca foi comprovada. Ainda assim, o medo permaneceu. Muitos evitavam até olhar para o edifício ao atravessar a rua. E quem ousava invadir jurava ouvir as chaves tilintando no escuro, mesmo quando não havia mais ninguém ali. Eu, por mim, já vivi coisas estranhas demais em casas e prédios abandonados para duvidar. E você… já ouviu um som estranho ou viu algo terrífico em um lugar abandonado?
8. O Homem Rastejante (Rússia)
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Ninguém sabe ao certo quando a primeira história surgiu. Alguns dizem que foi em Vladivostok, nas madrugadas nevadas que abafam os sons do mundo. Outros juram tê-lo visto em Moscou, nas vielas onde o concreto apodrece lentamente sob o peso da memória soviética. Mas o que se repete em todos os relatos é a mesma figura grotesca, arrastando-se pelas sombras como se o chão fosse sua morada e não o castigo. Seu corpo é alongado, torto. A pele, quando visível, parece gretada, ressecada. Dizem que ele veste restos de roupas — trapos colados ao corpo, úmidos, exalando um odor que lembra umidade e carne esquecida. Mas o que realmente petrifica quem o avista é o som. Um estalo seco. Como galhos partidos ou vértebras rangendo em protesto. O Homem Rastejante não corre. Não grita. Não fala. Ele apenas se aproxima, como uma culpa antiga ou uma doença que se instala em silêncio.
E há ainda os mais perturbadores relatos: aqueles que dizem que, se você olhar nos olhos dele, ele para. Por um segundo. O suficiente para que você sinta algo rastejando dentro de você. Há até quem diga que ele não machuca. Que ele apenas observa. Mas que, com o tempo, sua presença leva à loucura.
9. Smile Dog (Lenda da Deep Web)
Imagem da web
Reza a lenda que existe uma imagem amaldiçoada, perdida nas profundezas da internet, conhecida simplesmente como Smile.jpg. À primeira vista, parece apenas uma fotografia digital toscamente manipulada — o retrato de um cachorro da raça husky siberiano, com olhos vidrados e dentes expostos num sorriso grotesco, quase humano, quase… consciente. Ao fundo da imagem, uma sala mal iluminada, como se tivesse sido montada num limiar entre o pesadelo e a realidade. Mas há algo mais. Algo que não se vê, mas se sente — um desconforto visceral, como se aquela foto olhasse de volta. Aqueles que têm a infelicidade de visualizar o arquivo alegam sentir-se imediatamente mal. Pesadelos vívidos começam naquela mesma noite, com o cão aparecendo à beira da cama, sussurrando — sim, sussurrando — palavras desconexas que apenas mais tarde revelam-se comandos. As vítimas relatam um declínio mental rápido: ansiedade insuportável, ruídos caninos na madrugada, um desejo incontrolável de compartilhar a imagem com outros. Como se o próprio Smile Dog implorasse — ou ameaçasse — ser espalhado, como um vírus faminto por atenção.
Reza a lenda que quem se recusa a passar a imagem adiante enlouquece aos poucos, até sucumbir em silêncio. A foto em si é raramente encontrada. Alguns afirmam que ela muda de forma, outros que é deletada pelos próprios mecanismos da internet, como se a rede tentasse se proteger do que contém. Mas há quem diga que ela sempre retorna — enviada como anexo, ressurgindo em fóruns abandonados, em e-mails esquecidos… ou em sonhos. Porque, afinal, o Smile Dog não quer te matar. Não de imediato. Ele quer que você sorria com ele. Um sorriso largo demais. Um sorriso que não acaba nunca.
10. Slender Man
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Alto como uma árvore esquelética, esguio como um presságio, o Slender Man é uma entidade que encarna o silêncio absoluto do terror. Ele veste um terno escuro e antigo, como se estivesse perpetuamente pronto para um funeral que nunca acaba — talvez o seu. Seu rosto, ou melhor, a ausência dele, é uma superfície lisa e pálida, como um véu de porcelana esticado onde um semblante deveria existir. A ausência de olhos é o que mais perturba, porque ainda assim sentimos ser observados — não com pupilas, mas com algo mais profundo: com intenção. Ele é descrito frequentemente em pé entre as árvores, ao fundo de fotografias antigas, à beira de escolas, parques ou florestas. A princípio, um vulto. Depois, uma presença. Por fim, uma obsessão. As crianças são especialmente sensíveis a ele — e são, segundo as histórias, suas preferidas.
Ele as convida em silêncio, aparece em sonhos, convence sem palavras. E desaparece com elas como se nunca tivessem existido. O mais apavorante não é o que ele faz, mas o que ele representa: o medo de ser observado quando se está só, a sensação de estar sendo caçado por algo que não precisa correr, porque já está à sua frente. Ele não sangra. Ele não grita. Ele não persegue da forma usual. Ele espera, pacientemente, até que você o note. E então… é tarde demais. Criado em 2009 em um fórum da internet, Slender Man ultrapassou as fronteiras do imaginário virtual e passou a ser visto, citado, temido — e até culpado. Casos reais de violência atribuídos a ele demonstram o quão tênue é a linha entre o mito e a mente. Pois o Slender Man não se alimenta de carne — ele se alimenta de crença. Quanto mais o temem, mais real ele se torna.

Sahra Melihssa
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. No túmulo da sua literatura gótica, a autora entrelaça o terror, horror e mistério com a beleza mélea, o fantástico e o botânico, como em uma valsa mórbida… » leia mais

Esta obra foi publicada e registrada na 15ª Edição da Revista Castelo Drácula, datada de abril de 2025. Registrada na Câmara Brasileira do Livro, pela Editora Castelo Drácula. © Todos os direitos reservados. » Visite a Edição completa.
Lendas urbanas são narrativas misteriosas, por vezes macabras, que circulam entre as pessoas…