A sensação do déjà-vu é como uma indagação ao abismo de nossa própria mente. É o arrepio que se espalha pela nuca quando, por uma fração de segundo, o mundo à sua volta parece ter sido visto antes, como um retorno ao passado. É uma rachadura na realidade, um vislumbre de algo oculto, um outrora que apenas finge ter acontecido. Escrever sobre isso no contexto do terror é como dançar na fronteira entre o conhecido e o desconhecido, onde a própria sanidade parece pender na balança.

Imagine uma história onde a personagem está caminhando por uma rua vazia ao entardecer. Cada detalhe — as janelas fechadas, o som das folhas secas arrastadas pelo vento, o cheiro do asfalto quente — provoca nela uma estranha sensação de repetição. Ela sabe que já esteve ali, mas a lógica diz que não, que isso não é possível. A sensação cresce, a realidade se dobra e se contorce, como se houvesse como se houvesse ma reverberação de intuição em suas entranhas. Uma parte esquecida de sua mente grita que algo de terrível está prestes a acontecer, mas a razão tenta silenciá-la.

Déjà-vu é um convite a explorar o terror psicológico que nasce da dúvida. E se esse instante que sentimos ter vivido antes fosse uma advertência de algo oculto? Talvez, um portal para uma outra versão de nossa realidade. Talvez, um espectro de um futuro que tentamos evitar, ou uma linha tênua de uma memória que nunca deveria ser lembrada. Déjà-vu é um momento em que a barreira do tempo e da lógica enfraquece, permitindo que o terror se infiltre através das rachaduras.

Conduza seus leitores a questionarem o real. Deixe que a personagem sinta que a cena repetida está levando-a para um destino macabro, e talvez inevitável. Pode ser uma casa que já visitou em sonhos, onde alguém — ou algo — a espera. Pode ser o vulto de uma figura que a segue, sempre na mesma esquina, como se aquele momento estivesse se repetindo em um ciclo cruel e sem fim. Brinque com a percepção, com os detalhes que se alteram, com a sensação sufocante de um destino que não pode ser evitado.

Déjà-vu seria a sombra de um erro passado voltando para atormentar? Um aviso fantasmagórico de que algo do outro lado do véu ainda está pendente? Ou quem sabe, um demônio que se alimenta dessas falhas na realidade, sondando os momentos de confusão para que possa entrar e, então, transformar o repetitivo em eterno.

Faça com que o terror surja dessa incerteza, do desconforto em perceber que o mundo ao seu redor não é tão sólido quanto parece. O déjà-vu é a faísca, o momento que tira o personagem da sua segurança e o joga em um abismo de incerteza e temor. O já visto, mas não vivido, o já sentido, mas não compreendido — deixe que o sombrio emerja desses paradoxos, que assombre como um mentira insistente em uma verdade que ninguém tem coragem de contar.

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