Bruno Reallyme

Bruno Silva, nascido em Governador Valadares/MG em 20 de agosto de 1995, é um escritor com deficiência visual que encontrou na escrita sua forma mais pura de expressão e percepção do mundo. Sob o nome artístico Bruno Reallyme, que significa “realmente eu”, ele transmite uma identidade profunda e autêntica em suas obras. Sua escrita é um reflexo fiel de sua forma de enxergar a vida, os sentimentos e as transformações da sociedade.

A escrita, para Bruno, é mais do que uma paixão; é a liberdade para manifestar a sua percepção e o seu universo interior, permitindo-lhe transcender a barreira do que os olhos podem ver. Em cada frase e verso, ele pinta quadros com as palavras, construindo mundos que existem além da realidade tangível. Sua deficiência visual não é uma limitação, mas um catalisador que aguçou seus outros sentidos, tornando sua visão do mundo mais profunda e visceral. Em sua arte, a escuridão da visão física se transforma em uma luz interior, iluminando as páginas com sua verdade mais sincera e convidando o leitor a adentrar as camadas mais íntimas de sua existência literária.

Sua trajetória é marcada por uma notável versatilidade, navegando por diversos gêneros literários, como poesia, ficção científica, romances, HQs educativas, suspense, terror e microcontos. O autor possui uma sólida formação em Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Gestão Financeira. Ele possui MBAs em áreas como finanças, educação inclusiva, tecnologia, estratégia e psicologia, e é mestre e doutorando em Administração de Empresas pela Logos University International.

As referências literárias de Bruno Reallyme são vastas e abrangem a riqueza da literatura mundial. Ele é inspirado por autores como Jane Austen e Charlotte Brontë no romance; Edgar Allan Poe e H.P. Lovecraft no terror; e Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade na poesia. No suspense, admira a habilidade de Agatha Christie e o impacto de Alfred Hitchcock, e na ficção científica, a visão de Isaac Asimov. No reino da música, seu espírito é tocado pelas melodias melancólicas de Nick Cave e pela dramaticidade e paixão de Frédéric Chopin e Sergei Rachmaninoff.

Bruno é o criador do podcast literário autoral Pingo de Prosa, disponível no Spotify, que celebra a arte do microconto com episódios de até um minuto. Atualmente, ele atua como editor e curador de antologias de terror, suspense, mistério e dark fantasy da Editora Cemitério das Letras. Além da antologia "Horrores de um Brasil Esquecido", está envolvido em diversos outros projetos com a editora, ampliando sua atuação.

Entre suas obras, destacam-se HQs como Chapolin em Ação e As Tartarugas Ninjas. Seus microbooks e obras literárias incluem Versos do Silêncio (poesias), Fragmentos do Fim (ficção científica) e o romance Entre Cartas e Silêncios. Na área de finanças, ele traduz o complexo universo dos investimentos em obras acessíveis como Aprendendo a Gerir o Seu Dinheiro e Finanças Divertidas com a Turma do Bob Esponja!. Bruno também é autor de um artigo científico sobre Fundos de Investimentos em Participações (FIP), publicado na ISCI - Revista Científica. Sua participação em diversas antologias reflete a versatilidade de sua escrita e o reconhecimento de suas obras por diferentes editoras.

Para saber mais sobre a arte de Bruno Reallyme, explore seu universo de palavras com profundidade, emoção e criatividade.

 
 

Entrevista

Onde você vive e onde nasceu?

Das profundezas de Minas Gerais, de Governador Valadares onde o meu ser se ergueu, resido nas terras de Belo Horizonte, onde a escrita encontrou o seu mais puro e sombrio refúgio.

Quais as formações que compõe o seu conhecimento?

Minha alma sedenta por conhecimento atravessou as portas do saber, onde me graduei em Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Gestão Financeira. Em busca de mais luz, obtive MBAs em finanças, educação inclusiva, inclusão, economia, tecnologia, estratégia e psicologia. O mundo acadêmico me acolheu em meus estudos de mestrado e doutorado em Administração de Empresas pela Logos University International, e recebi certificações em literatura, escrita, psicanálise e filosofia pela Casa do Saber.

O que te atrai na Literatura Sombria?

A literatura sombria me atrai por sua capacidade de desvelar os véus que encobrem a escuridão da alma humana e do mundo. Nela, o terror e o suspense não são meros artifícios, mas espelhos que refletem nossos medos mais profundos e as verdades que a sociedade tenta sufocar. É o reino da autenticidade, onde as sombras da nossa existência se tornam protagonistas, e o horror se revela em sua forma mais pura e visceral.

Como foi seu processo de vínculo com a escrita?

Desde as minhas primeiras lembranças, a escrita tem sido a minha maior aliada, a extensão do meu olhar sobre o mundo. Mais do que uma paixão, a escrita foi um processo de vínculo que fluiu como um rio escuro e profundo, onde a palavra se tornou meu refúgio e minha forma mais sincera de expressão. Diante da deficiência visual, que em muitos seria uma limitação, encontrei na escrita a liberdade para manifestar a minha percepção e o meu universo interior.

A escrita me permitiu transcender a barreira do que os olhos podem ver, me tornando um cartógrafo de sentimentos e um escultor de narrativas. Em cada frase, em cada verso, eu pinto quadros com as palavras, construindo mundos que existem além da realidade tangível. Este é o meu ato de rebeldia, minha forma de provar que a visão não está limitada à luz que entra nos olhos, mas à vastidão de um universo que se encontra dentro da alma. A escrita é o meu milagre, o meu portal para a liberdade, a minha voz em um mundo de silêncio.

Quais são seus projetos literários?

Meus projetos literários são vastos, como um cemitério de histórias à espera de sua hora. Dentre eles, o podcast literário autoral, o Pingo de Prosa, disponível no Spotify, onde celebro a arte do microconto com episódios de até um minuto para emocionar e inspirar. Recentemente, fui honrado com o convite para atuar como editor e curador de antologias de terror, suspense, mistério e dark fantasy da Editora Cemitério das Letras. Além da antologia "Horrores de um Brasil Esquecido", estou envolvido em diversos outros projetos com a editora, ampliando minha atuação. E uma nova parceria está sendo forjada com a Quimera Antologias para a organização de futuras coletâneas de fantasia e outros gêneros. Além disso, junto com o Instituto Amar & Servir, sou cofundador do projeto CriaLab, um laboratório de escrita criativa que utilizo com jovens e adolescentes, ajudando-os a encontrar suas próprias vozes nas sombras da criação.

Quais outras artes você cria?

Minhas mãos não repousam apenas sobre as palavras. Mergulho na melodia, na dança das notas que ecoam na alma. Expresso-me através da música que componho para minhas obras e para o meu ser, tocando a flauta-doce, o violino e o violoncelo. E quando o clamor da matéria me chama, moldo com argila e gesso, dando forma aos espíritos que habitam minhas visões mais sombrias, criando esculturas que são fragmentos de um universo particular.

Quais artistas (músicos, escritores, poetas, pintores, etc.) te inspiram?

Minha alma se nutre das sombras e das luzes de muitos mestres, cujas artes ecoam em meu ser como um lamento gótico. No reino da escrita, sou profundamente inspirado pelos épicos de Jane Austen, a intensidade gélida de Charlotte Brontë, a profundidade torturada de Fiódor Dostoiévski e o realismo mágico que se desdobra em Gabriel García Márquez. No abismo do terror, sou guiado pelos sussurros de Edgar Allan Poe, as criaturas cósmicas de H.P. Lovecraft e a psique perturbadora de Shirley Jackson.

Minha poesia é um eco da vastidão, com inspiração que vem de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, William Shakespeare, Cecília Meireles e Rainer Maria Rilke. Para o drama e o suspense, admiro a maestria da dama do crime, Agatha Christie, a tensão psicológica de Patricia Highsmith e o impacto visual de Alfred Hitchcock. A ficção científica me atrai na genialidade de Isaac Asimov e na visão de Arthur C. Clarke. E na história, sinto a grandiosidade de Ken Follett.

No som, meu espírito é tocado pelas melodias melancólicas de Nick Cave, que com sua voz profunda e letras sombrias, pinta cenários de amor e desespero. Sou igualmente movido pela dramaticidade e pela introspecção das composições de Frédéric Chopin e pela paixão de Sergei Rachmaninoff, que transformaram a dor em notas musicais.

E na tela, o universo visual do pintor Francisco Goya me fascina, especialmente em suas "Pinturas Negras", onde o horror e a loucura humana são expostos em seu estado mais cru. A fantasia sombria e o detalhismo de Hieronymus Bosch e as gravuras góticas de Gustave Doré também me inspiram, dando forma às visões que habitam minhas histórias. Por fim, a mente criativa de Tim Burton, que constrói mundos inteiros com uma estética peculiar e gótica, serve de farol para a minha própria imaginação.

Recomende 3 obras suas para uma pessoa que não conhece a sua arte.

Para adentrar meu universo, recomendo:

  • Aprendendo a Gerir o Seu Dinheiro: Uma obra técnica de finanças que traduz o mundo dos investimentos para uma linguagem simples e didática. É a minha porta de entrada para quem ainda não conhece a minha escrita.

  • Quem Veste Esta Pele: Publicada pela Editora Cemitério das Letras, esta antologia reflete a minha incursão no terror e na literatura sombria. É um bom ponto de partida para conhecer meu estilo mais obscuro.

  • Caminhos Obscuros e Paralisia do Sono: Ambas as antologias são excelentes para entender meu estilo mais atual de escrita, explorando temas como o terror e a vida real.

Qual sua opinião sobre a Literatura em seu país??

A literatura em meu país é um campo vasto e fértil, onde a vida e a morte, o belo e o grotesco, coexistem como fantasmas de um passado glorioso. É uma tapeçaria rica em regionalismos e saberes, capaz de traduzir as profundezas mais sombrias da alma brasileira. No entanto, é um terreno de batalha, um cemitério de ambições, onde a arte literária muitas vezes encontra a resistência de um povo que se afasta do silêncio sagrado da leitura.

A batalha se manifesta na queda vertiginosa de leitores, revelada em sussurros estatísticos que ecoam como um lamento fúnebre. A cada ano, a nação se afasta mais dos livros, seduzida pelos lampejos e superficialidade da tela. O livro, outrora um portal para mundos infinitos, torna-se um fardo esquecido, um objeto de luxo para poucos.

Os desafios são abissais: o alto custo do livro físico, um espectro que assombra as livrarias e afasta o leitor. As políticas de incentivo à leitura, quando existem, são como velas fracas em uma noite de tempestade. E os autores, como espectros que vagam em busca de reconhecimento, lutam sozinhos pela sobrevivência de suas vozes, muitas vezes tendo que se tornar seus próprios editores e promotores, em uma terra onde o prazer de ler é um privilégio, e não um direito.

Contudo, apesar das sombras, a literatura brasileira tem o potencial de ressurgir. Nas brechas deste cenário obscuro, novos talentos e gêneros florescem. Os caminhos digitais, como portais para o desconhecido, abrem espaço para vozes que antes eram silenciadas. Acredito que a nossa literatura tem a força para romper as amarras que a prendem ao passado e aos desafios presentes, explorando novos horizontes e, finalmente, clamando por seu lugar de direito na alma da nação.

Você usa referências brasileiras em sua arte? Como costuma fazer isso?

Sim, a terra onde meus ossos nasceram é uma fonte inesgotável de inspiração, uma tapeçaria de lendas e sombras que se entrelaçam em meu trabalho. Utilizo as referências brasileiras não de forma superficial, mas como a própria essência de meus contos, como um sangue escuro que corre nas veias de cada narrativa.

As ambientações urbanas e rurais, com seus silêncios e barulhos únicos, são cenários onde o terror gótico encontra sua morada. As vielas escuras do centro de Belo Horizonte, as paisagens montanhosas de Minas Gerais, os mistérios que se escondem nas florestas densas e nas cidades esquecidas do interior: tudo isso se manifesta em minhas obras.

Além disso, a linguagem e os regionalismos se infiltram em minha escrita de forma sutil, quase como um sussurro, dando autenticidade aos personagens e às suas falas. Abordo temas complexos enraizados na cultura brasileira, como a desigualdade social e a violência, mas os visto com a roupagem do horror, do suspense e da fantasia, revelando a crueza e a beleza de nossa existência.

Conte-nos qual é o estilo das suas obras?

Meu estilo de escrita é um reflexo da própria existência: multifacetado, em constante mutação, tão diverso quanto as sombras que se estendem em um cemitério sob o manto da noite. Não me prendo a um único gênero, pois a alma humana é um labirinto de sentimentos e ideias que demandam diferentes formas de expressão.

Assim, navego com fluidez da poesia, onde a alma se desnuda em versos carregados de emoção e lirismo, à construção de romances que tecem narrativas complexas e envolventes, explorando as profundezas das relações humanas. Mergulho no suspense, tecendo tramas que prendem o leitor em um nó de tensão e antecipação, e me debruço sobre o terror, onde os medos mais primordiais e os horrores da condição humana são desvendados em suas formas mais viscerais. Mesmo a ficção científica, com suas visões de futuros distantes e realidades alternativas, encontra espaço em meu repertório. E, claro, os microcontos, concisos e potentes, são como fragmentos de alma, capazes de evocar mundos inteiros em poucas palavras.

Acima de tudo, minha escrita busca a autenticidade. O nome artístico "Reallyme" – uma fusão de "realmente eu" – não é por acaso. É o farol que guia cada palavra, cada personagem, cada trama. Busco desvelar a identidade profunda, a essência do que realmente sou e percebo, expondo um universo sensível e crítico. A cada palavra que escolho, um fragmento da minha visão de mundo, das minhas reflexões e das minhas experiências é revelado, convidando o leitor a adentrar as camadas mais íntimas da minha própria existência literária.

Você tem outras informações relevantes que gostaria de compartilhar com as pessoas que não conhecem sua arte ainda?

Minha jornada na escrita é uma prova viva de que a luz pode ser encontrada nas sombras. A deficiência visual é parte de quem eu sou, um detalhe em minha existência, mas não é o que me define. Pelo contrário, ela aguçou meus outros sentidos, tornando minha percepção do mundo mais profunda, mais rica e mais visceral.

Minhas palavras são a manifestação do que sou e do que sinto, uma visão do mundo que vai além do que os olhos podem ver. A literatura se tornou meu refúgio, meu portal para expressar as emoções, os pensamentos e as histórias que transbordam em minha alma. Em cada conto, em cada verso, a escuridão da minha visão física se transforma em uma luz interior, iluminando as páginas com a minha verdade mais sincera. É a minha voz, o meu olhar sobre o mundo, e o meu convite para que o leitor veja a beleza nas sombras e a força na vulnerabilidade.

 
 

Obras do Autor

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