Deixem que o fim se aproxime, mas não com clichês previsíveis e esgotados. O apocalipse é muito mais do que uma simples destruição; é um momento único onde tudo se fragmenta, uma réstia de escuridão que se infiltra no cerne do nosso ser. Perguntem-se: O que significa assistir ao colapso do mundo? O que nos resta quando as estruturas de nossa civilização se tornam ruínas silenciosas e as esperanças se desfazem no ar pesado do último suspiro?
Pensem no apocalipse não apenas como um evento externo, mas como um processo de decomposição interna. Imaginem uma terra em que o horizonte é um borrão distante de chamas, enquanto as árvores não mais são verdes, mas são esculturas ásperas de cinzas. Cada sombra pode ser uma promessa de medo, cada som pode ser o último que ecoa no vazio. Mas e dentro dos seres humanos? Como o horror do fim transforma seus corações, como o medo os consome? O apocalipse é também um encontro com o que somos quando as véstias da civilidade caem e restam apenas os instintos mais primordiais.
Experimentem criar um mundo onde a desordem não é apenas o colapso de cidades, mas onde a realidade em si é torturada e torcida – como se o universo estivesse implodindo em seu próprio reflexo. Imaginem as pessoas se perdendo em espirais de loucura, perguntando se estão realmente acordadas ou se já mergulharam no pesadelo. Um apocalipse que fere não apenas a carne, mas também o espírito – onde sonhos são devorados por um vazio insaciável, e cada soluço de desespero se perde na vastidão infinita daquilo que já não existe mais
O verdadeiro horror do apocalipse é a revelação de que não há um único culpado, que talvez não haja redenção e que o fim é simplesmente uma consequência natural de existirmos. Convidem seus leitores a sentirem o vazio gelado que se segue quando a esperança finalmente desmorona, quando a humanidade percebe que as estrelas no céu são tão indiferentes quanto eram milênios atrás.
Que seus personagens enfrentem não apenas a decadência do mundo à sua volta, mas também seus próprios monstros interiores – as vozes que murmuram que talvez o mundo merecesse ruir, que a destruição é apenas um eco inevitável da própria natureza humana.
Que o apocalipse que vocês descrevam seja cheio de contrastes: beleza e horror coexistindo, o último raio de luz que toca as ruínas antes de desaparecer, o último ato de bondade feito por um estranho em meio à destruição. Deixem que seus leitores sintam que cada escolha importa, mesmo diante do fim. Porque talvez, apenas talvez, o horror verdadeiro esteja em como seguimos humanos, mesmo quando não há mais nada à nossa volta que nos lembre o que isso significa.
Escrevam sobre o fim, mas façam-no ressoar além do esperado. Façam o leitor sentir que mesmo diante do aniquilamento, ainda existe algo inefável que os conecta a cada vida que um dia existiu – mesmo que seja apenas a beleza melancólica da última página sendo virada.
Anfitriã do Castelo Drácula, trabalha na Revisão, Organização, Editoração, Seleção, Instrução e no Criativo & Design.