O Palhaço em mim
À noite estava no Parque a andar,
Havia um palhaço estranho a me olhar,
Mudo, seu rosto pálido e inquieto,
Com gestos lentos, fala em seu dialeto.
Os olhos, vazios de som e de cor,
Clamam em silêncio, como o vento em torpor,
Um aviso sombrio, um enigma no ar:
— Não é o que parece, há algo a falhar.
Seus dedos finos desenham no ar,
Um perigo que se aproxima; um mal a rondar,
Mas ele não aponta, não grita, não chama,
Apenas reflete, apenas reclama.
O vento gela, o tempo parece parar,
A angústia aperta, já não consigo respirar.
Tento entender o que ele quer me mostrar,
Mas o eco do silêncio começa a gritar.
De repente, o palhaço dá um giro no espaço,
E seu reflexo, um espelho em pedaços, traz-me o compasso.
Eu me vejo nele, sou eu o perigo,
Eu sou o palhaço, sou o meu castigo.
As máscaras caem, e a verdade ecoa:
Eu sou o monstro que o silêncio entoa.
O parque se dissolve, a noite me consome,
E no mudo palhaço, descubro meu nome.
Agora sei, no vazio a vagar,
O perigo sou eu, a me espreitar.
Texto publicado no Desafio Sombrio 2024 do Castelo Drácula. Em outubro de 2024. → Ler o desafio completo
Thais Gomes é apaixonada pelo universo Gótico da Literatura, sua formação é em Letras Português/Espanhol e sua obra mais recente, ainda está sendo produzida, é Contos Vampirescos, uma releitura de muitos personagens do Drácula de Bram Stoker. Inspirada em clássicos como Edgar Allan Poe, Lord Byron…
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Thais Gomes é apaixonada pelo universo Gótico da Literatura, sua formação é em Letras Português/Espanhol e sua obra mais recente, ainda está sendo produzida, é Contos Vampirescos, uma releitura de muitos personagens do Drácula de Bram Stoker. Inspirada em clássicos como Edgar Allan Poe, Lord Byron, Álvares de Azevedo, e contemporâneos como André Vianco e Eduardo Spör; a autora explora o universo da literatura gótica com maestria e suas narrativas estão imersas no mais puro mistério. Além de escritora, Thais é produtora de eventos, cantora e musicista.
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