A Colecionadora

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

Falos. Colecionava-os, de todos os tipos e tamanhos. Os primeiros, comprara em sex shops. Depois que se tornara médica legista, ficou mais fácil conseguir exemplares reais. Mas, ainda assim, os conservados em formol não a satisfizeram por muito tempo — não tinham o viço e o vigor de um retirado de um corpo quente. 

Estava excitada com a possibilidade de ter um novo e diferenciado item para sua coleção. A experiência anterior, com um doador vivo, falhara completamente; o exemplar não durara tanto quanto o desejado, suas técnicas de taxidermia ainda eram imperfeitas. Além do mais, o doador sangrara muito — tentara estancar o sangramento, mas ele se movia demais, tentando fugir, e acabou por sangrar até a morte. Deu muito trabalho para se livrar do corpo. 

Só precisava acalmar o novo doador. Terminou de preparar a seringa para a anestesia local e disse: 

— Calma, Armandinho, tenho certeza de que farei melhor uso do que você. Não se preocupe, vou cauterizar depois, sou médica, você não vai morrer… Mas te aconselho a seguir as minhas recomendações: não se mova, não grite. Ah, sim, você não pode gritar, né? O que achou do tamanho desse que está em sua boca? Depois que retirarmos o seu, poderemos comparar qual é o maior. Qual você acha que é? O seu ou o dele? 

Texto publicado no Desafio Sombrio 2024 do Castelo Drácula. Em outubro de 2024. → Ler o desafio completo

 
 

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