Dualidade
Entre a dor e o cansaço
Me delicio ao apreciar a escuridão em volta.
O céu negro, sem estrelas
As ruas quase desertas
As luzes dos postes brilham,
Parece Natal.
Quase posso esquecer o dia longo e exaustivo
Mas percebo sequelas.
Entre algumas piscadelas
Talvez um sonho, ou fruto do cansaço
Refletia na janela
Um Mimico desfigurado.
Nada fazia,
Apenas me encarava.
E apesar da fina chuva que caia
Não se molhava.
Qual não foi meu espanto quando recordara
Um dia, muito pequena e travessa
A um mimico eu aprontara.
Por imitar gestos meus,
Sem dizer que me incomodava,
O atrai para a Avenida
Perigosamente movimentada.
Com movimentos pequenos
Ameaçava seguir em frente e retornava
Quando de súbito fingi seguir,
Ele se atirou a mim, pensando que me salvava.
Um estrondo infernal invadiu minha memória
O reflexo na janela não refletia meus sonhos ou devaneios
Me virei para o assento ao lado.
E antes que pudesse perder os sentidos
Um mímico me atravessou,
Como um caminhão desenfreado.
Texto publicado no Desafio Sombrio 2024 do Castelo Drácula. Em outubro de 2024. → Ler o desafio completo
Ana Kelly, natural de São Paulo (SP), é poeta, escritora, contista e artesã, sócia-proprietária da loja de acessórios e artigos alternativos, Ivory Fairy. Tem poemas e contos publicados como co-autora em diferentes antologias. No ano de 2009 recebeu o prêmio de 1º lugar, em um concurso…
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