Caosanguesimetria
Nas vastas planícies do cosmos em flor,
Ergam-se torres de beleza e amor.
Cantos de formas, de ângulos e luz,
Onde a simetria é a musa que seduz.
No início, um caos, uma dança sem fim,
Matérias dispersas, um universo em maremoto.
Mas eis que surge a mão do destino,
em cada fração, um padrão divino.
A flor que se abre com pétalas em par,
O reflexo no lago, a imagem a brilhar,
Cada onda que quebra, cada estrela no céu,
São versos que entoam a canção do belo.
Em antigos templos, nas pirâmides do Egito,
Simetria sagrada, um toque de infinito.
Arquitetos de sonho, em pedra e em barro,
Ergam seus planos, buscando o amparo.
Na dança dos corpos, a harmonia se faz,
Os passos entrelaçados, a gravidade em paz.
E na matemática pura, o número se revela,
Fibonacci, Euler, na trama tão bela.
A simetria é eco, é reflexão do ser,
Na arte, na ciência, na vida a florescer.
Cada lado que espelha, um mundo em expansão,
No equilíbrio perfeito, a essência a brilho, revelação.
Ó simetria, rainha da ordem e do caos,
Teus mistérios se escondem nos mais simples laços.
Na frágil beleza do que é igual e diverso,
Encontras em cada alma o sentido do verso.
Que nunca faltem os olhos a te admirarem
Pois na dança do mundo, tu és a montanha
Um épico infinito, um canto a soar,
Simetria, sublime, estais a sangrar
No abismo onde a forma se desliza,
Simetria, com seu olhar fixo e frio,
Desvela a crueldade da ordem precisa,
Um espelho que reflete o vazio.
Caminho entre sombras, onde ecos se embalam,
A beleza se enreda em dor sutil,
E nas linhas retas, os destinos se calam,
Um pulso, um corte — um fôlego febril.
Oh, o sangue, o vermelho, a cor da verdade,
Escorre pelas veias da vida, um lamento.
Fractais de angústia em sua intensidade,
Na dança do horror, o corpo é tormento.
Corações em compasso, pulsos que se entrelaçam,
Mas a simetria traiçoeira os aprisiona,
Como flores cortadas que nunca se abraçam,
E o aroma da vida, em dor, se entona.
Nessa geometria, o caos é escondido,
Cada canto exato, um grito em surdina.
Rostos que se repetem, um destino ferido,
A face do homem, a própria ruína.
Eis que as formas dançam, um balé de entraves,
Na rigidez da trama, onde tudo se encerra.
E o sangue, serpente, entre mil cicatrizes,
Canta a melodia da dor que não erra.
Ah, simetria, monstruosidade disfarçada,
Teus traços nos marcam, em cada respiração.
O horror de existir, em beleza implacada,
É a vida que sangra, em cada pulsação.
Caminho perdido entre ângulos e sombras,
A verdade se oculta, em seu manto cruel.
E no eco do sangue, a vida que assombra,
Ressoa a eternidade de um amor que não é.
Texto publicado no Desafio Sombrio 2024 do Castelo Drácula. Em outubro de 2024. → Ler o desafio completo
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