Ekatomb Quetzalcoatl

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

Uma criatura antropomórfica, corpo de águia e cabeça de serpente-dragão. Essa criatura possui uma mescla de escamas e penas, sempre alternando entre as colorações anil-gelo, vermelho-sangue e laranja-dourado. Sua enorme mandíbula possui inúmeros e afiadíssimos dentes pequenos, uma serpente emplumada, um réptil voador, um construtor de fronteiras, o verdadeiro transgressor entre o céu e a terra. 

Estava prostrada em uma praia, onde a areia bioluminescente de cristais dourados e prateados inundava toda a extensão de terra. A água, os mares e as ondas estavam infestados de incontáveis seres que pulsavam uma bioluminescência safírica, também em grande número, águas-vivas e vaga-lumes d’água, pulsando uma cerúlea-esmeraldina luz brilhante. 

Neste cenário, essa entidade, posta sobre suas duas patas, admirava o horizonte, as sagradas ondas do mar, que eram seu portal para viajar entre eras e dimensões. 

Ali, na península de Yucatán, naquela praia, reside a Pirâmide de Kukulcán, vosso lar da criatura. Seu prisma marca os céus com um feixe vertical de uma sagrada luz dourada que rasga as estrelas. "Eu sou Gucmatz!" ruge a criatura, e as ondas são pulverizadas... 

O sol de coloração azul-safira pulsa e se expande no horizonte, engolindo tudo com sua glória ao seu nascimento vertical, banhando Gucmatz em seu esplendor. 

Havia ali, submersa no mar, uma esplendorosa e titânica árvore com um brilho esmeralda tão intenso que cegava os panteões. 

Até os cosmos mais longínquos. Esta árvore emanava vida, um eco estrondoso de brilho, caos e pureza, a verdadeira voz da criação, das concepções etéricas da vida, com um vasto ardor e uma fumaça esverdeada por toda a península. 

Um portal se abre dentro de uma folha pendurada em um dos galhos da árvore. Cada galho, cada folha, é uma dimensão, uma realidade, uma era. A criatura deseja ir a cada uma delas quando cocriará um novo apocalipse: um início, uma regressão, uma purificação, a verdadeira Revelação. A criatura expande as asas, e todos os seus penachos se alongam. Ela serpenteia pela fechadura, uma fenda interestelar que adentra, caminhando lentamente, flutuando e mergulhando naquele instante ecoante, como uma fumaça espiritual que transcende do etérico para a densificação da carne. Ela adentra uma dimensão, uma era onde um escolhido será o receptáculo da mensagem do crepúsculo dos deuses e de vossos destinos fatais. 

Entidade Mater da Cromodinâmica Quântica. 

Buscai o receptáculo da Liberdade Assintótica. 

"...A teoria das cordas é uma estrutura teórica na qual as partículas pontuais da física de partículas são substituídas por objetos unidimensionais chamados cordas. A teoria das cordas descreve como essas cordas se propagam pelo espaço e interagem umas com as outras. Em escalas de distância maiores que a escala da corda, uma corda se parece com uma partícula comum, com sua massa, carga e outras propriedades determinadas pelo estado vibracional da corda. Na teoria das cordas, um dos muitos estados vibracionais da corda corresponde ao gráviton, uma partícula quântica que carrega a força gravitacional. Portanto, a teoria das cordas é uma teoria da gravidade quântica..." 

Por 11 dimensões ela vaga... 

Em todas elas existe um início e um exílio. 

O milagre orgânico da manifestação e o colapso da degradação existencial material da desconstrução de tudo que existe. 

De tudo que É, de tudo que pulsa átomos até a desmaterialização, ao ponto de desdobramento aos outros planos e incontáveis camadas de questionamento e identidade. Até onde este devoramento do apocalipse alcança? No processo da espuma quântica, vista como uma conexão entre duas D-branas, onde as bocas estão ligadas às branas e são conectadas por um tubo de fluxo, na pintura da Teoria-M, determina-se que a matéria é formada por membranas e que o universo flui através de 11 dimensões: o tempo, a altura, a largura, o comprimento e mais sete dimensões “recurvadas”, com outras propriedades. 

Gucmatz se alimenta de buracos brancos e os expele, vagando pelo multiverso de eventos, a criadora e a devoradora. 

A antítese da vida, da anti-matéria prima, a condutora da Revelação. Ela chega ao Planeta Terra em três períodos diferentes da história para ocultar sua missão e transgredir as lições suprimidas pelo egocentrismo pífio da humanidade. 

Em sua biodeslocação atemporal, ela auxilia a evolução e a revelação, sempre em busca de transmutação e cura da loucura. 

Nos tempos atuais, ela se transmuta em uma máscara pagã de madeira, e aquele que a possuir encontrará sua Revelação interna: ou sucumbirá, ou será o senhor de seu novo admirável mundo. 

Texto publicado no Desafio Sombrio 2024 do Castelo Drácula. Em outubro de 2024. → Ler o desafio completo

 
 

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