MidjouneyAI

Preso aos limites de um castelo antigo,
hoje me encontro, mas não era assim
quando eu andava só floresta adentro
a matar infiéis, queimar as bruxas,
sendo um leal e bravo cavaleiro
do qual a Santa Igreja se orgulhava.
Contra o conde lutei pelo meu Cristo,
desembainhei inutilmente a espada
a fim de que varresse o mal do mundo,
mas sucumbi à luta de joelhos:
fui empalado e logo incinerado;
as cinzas despejadas sobre a lama
que cerca este castelo tenebroso.
Não tive quem por mim rezasse um terço,
somente uma sentença, a dura praga
que proferiu o conde aquele dia:
“Sofrerás, vil guerreiro, todo o peso
da eternidade como maldição.
Verás, como eu, em vão passar o tempo
e sem esta matéria que nos gela
aqui me servirás eternamente:
teu fim será louvar-me em tuas queixas,
preso aos limites deste meu castelo.”
Vivo então, invisível, a ecoar
a dor que resultou desta peleja
e que estes altos muros silenciam.
Vejo passar então os viajantes
e os hóspedes que insones cá pernoitam
a fim de conhecer aquele crápula.
Invisível, os vejo passo a passo
adentrar aos portões com um olhar
curioso e, ao mesmo tempo, fascinado.
Olhai, mas vede e não vos enganeis!
A mão de Deus, ilustres visitantes,
não pousará neste lugar maldito.
Não há como sentir-se aqui seguro
sob as nuvens cinzentas de um castelo
que nunca viu a luz do sol brilhar,
que nunca viu a cor azul do céu.
Na melhor das hipóteses, tereis,
daquele desalmado anfitrião,
a chance rara de voltar pra casa
para que lhe pinteis alguma fama.
Quanto a mim — pobre ser fantasmagórico — 
terei, como ele, a triste maldição
de assim viver por incontáveis anos
arrastando-me às sombras do passado,
preso aos limites deste seu castelo.

Texto publicado na 3ª edição de publicações do Castelo Drácula. Datada de março de 2024. → Ler edição completa

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