Me(se)dusa
Límpido rosto, cabelos ao vento:
Brava natura, serpentes à solta
Lembram seus cachos (de preto veneno),
Prendendo quem olha, pois impressiona
Sua beleza, de rara peçonha:
Olhar sem maldade, mas de desejos
Enchendo quem fica por muito tempo
De frente co’a imagem que ela disponha...
Fantástica face, qual semideusa
De muitos poderes sob suas presas,
Capaz de uma pedra o alvo tornar...
Bastando que a vejam, longo feitiço
Injetam seu olhos — enrijecidos
Tornam-se os membros, se muito a encarar…
Wallace Azambuja vive em Porto Alegre e estuda Letras na UFRGS. Sua paixão por sonetos é intensa e sua maior produção literária atual está voltada à escrita deste clássico formato poético. Atraído pelo mistério e profundidade da Literatura Gótica, o autor participou do Desafio Sombrio 2023, onde mostrou…
A Literatura Erótica é uma arte, mantenha o respeito e a educação para com o autor desta obra. Se algo te incomoda neste conteúdo, não o leia; se algo te agrada, aproveite em silêncio. O autor e o projeto não se responsabilizam por negligências alheias, más interpretações e pudores particulares.
Textos sugeridos para sua leitura:
Aborom! Larajim d’esta manhã | Desponta a quint’essência de meu ser; | O frutossangue: mélica romã | D’arbórea que m’encanta a aquiescer;…
Sinopse: Uma morte por envenenamento é causada durante o banquete de Aborom e agora todos os convivas, em especial o Detetive, precisam descobrir quem é o assassino.
Na densa floresta verdinegra, ouvi pequenos grilos ao longínquo; o horizonte era um mistério verdejante enquanto a única luz ambiente...
Virente arbóreo e úmido arrebol | Intenso verdinegro evanescente… | O fogo à vela é o único bel sol, | Enquanto uma elegia é confidente;...
Virente alfombra, um manto surreal | Curvando nas estantes, relva e flor, | Abaixo d’um solar transcendental, | Um flúmen próprio rega o esplendor; ...
Azul luar, amor d’um vil talvez… | Eterno sussurrar-te, adocicado… | A tua natureza e profundez, | Paixão de meu desejo delicado…
O céu era de uma profunda escuridão estrelada. Eu estava próxima de um arvoredo denso cujo negrume das copas, banhadas pelo caráter do infinito acima…
Alguém verá esta noite, que estrelada, | A sós vislumbro em toda a imensidão? | E mesmo que a perceba agraciada | Compreende seu sabor de solidão? …
Estás n’est’alma lôbrega tão minha, | Resides ou, quiçá, no corpo meu? | Silente agora, vens cruzar a linha | Que tênue marca em mim o sangue teu?
Não quero que as longínquas gerações definam meu tipo de literatura, pois pode haver equívocos quais eu não poderei refutar, dado que na efêmera vida eu já não estarei…
Lancei-me contra as sombras do corredor, apressei cada um de meus passos enquanto minha mente atordoada se alimentava de sua própria angústia…
Orquídeas negras tecem a ninguém, | Silêncio aveludado no jardim, | Apresso-me temendo vir alguém | Desperto pelo horror do olor carmim;…
Amado, esta invernia quando vem, | Na tua serenidade apaziguante, | Almejo o aconchego que nos tem | Somente em nosso leito lacrimante;…
A casa do meu avô não possuía nada em sua aparência que tendenciasse quaisquer amedrontamentos da minha parte ou da parte de qualquer indivíduo…
Embevecida pelo silêncio dos sonhos mais profundos, tudo se externava em suavinura. Andejei sob infinda serenidade por dentre um substancial…
Ouvia o sussurrante estridor do rígido inverno e o pálido horizonte nevoado assustava-me em sua imensidão anilada. Estes meus incrédulos…
Um flúmen carmesim cruzava o níveo balcedo e, deste liquor consistente, eu me inebriava, sorvendo sem temores, e imergindo-me nua em seu sereno caudal…
Quão amarga é a solidão do silêncio absoluto, o abismo que sangra em palavras mortas. Meus olhos fitam meu retorno, e de repente vejo o nascer das trevas…
No erguer-se do luar alcantilado | Crocita um corvo enquanto sou lamúria | Assusto-me e o percebo afortunado, | Pois voa contra o vento da penúria;…
Edgar Allan Poe é o Mestre da narrativa macabra e do mistério, deixou um legado literário…
“Angústia vil… sou rígida fereza… | A morte lacrimal de teu semblante… | Tormento me convida à tua pureza | Olvidas-me a pensar ser delirante…”
Ohropo desperta ao entardecer e enquanto seus olhos se tumulam no precipício, um corvo de olhos pútridos crocita infeliz; a alma de Ohropo, em partes, obliterada…
Co’as pálpebras cerradas… eu mui sinto | “Evoque à tua memória em meninez | Ao leito d’uma morte…” — ouço e pressinto | “Brutal que preservei tua languidez…
Atento o meu olhar “Quem és, ó Dom” | Indago n’agonia em mim crescente“ | Herói que salva ou mal que ofende o ambom? | Por que me causas mágoa caulescente…
Ouviu Dama Sonura a lacrimar | Com alma e solidão, preces soturnas, | Ao sopro d’um abismo à chuva-lar | Que dela faz as letras tão noturnas;…
Nenhuma voz, nenhum som garganta afora…
A morte-rubi me espreitando | E o choro adornado de medos, | Escuro-carmim sufocando... | Dois olhos me incitam segredos...
Ao Memórum pertencerá a sua vida em todas as instâncias emocionais e psíquicas…
Sonhei que caminhava | Por longo bosque escuro | E o vento mui soprava | Nas breves, vãs, clareiras | Ardores inseguros…
As sombras eram solecismos factuais; um ruído medrava-se horrífico. Algo físico entre nós inibia-nos, impedindo quaisquer aproximações; uma divisão vítrea, perceptível…