Desertum

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

Sofro com a aptidão dos dedos desconhecidos sobre as cordas de sonoridade grave em busca do acerto da melodia, teu ressoar, próximo a mim, tange simultaneamente às contrações de meu compasso cíclico.

Pulso ao teu vibrar melódico de corda friccionada, e o estímulo percorre através de meus ramos e fibras.

Atravessa meu esconderijo e agride minhas cavidades, lacrimejando os olhos da velha que me possui.

 Tal qual cera derretida ardente; cintilante faísca ritmada em compasso ao meu ritmo regular. 

É-me indiferente, bem sei, pois, distanciado estou, acobertado por detrás da caixa torácica, resguardado posterior às vértebras dorsais. 

Confinado, em constante ofício, atuando, bombeando e irrigando.

somente em mim; músculo estriado cardíaco. 

Tu és livre, ademais orquestrado, amado e guarnecido.

Ermos, somos estranhos, velhos conhecidos.

Texto publicado na 7ª edição de publicações do Castelo Drácula. Datado de julho de 2024. → Ler edição completa

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