Atenção! Esta obra pode conter cenas sexuais explícitas e linguagem sexual.

Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula

Kaire, tríplice eclipse, ao deleite do meu psique!
Que teu trovão d’alma irrompa, que o clamor de abysmo
soem em meus ossos como se o próprio firmamento
rasgasse em vísceras de treva, tua sensualidade abraça-me.
Bruxa de orbes cerúleos, amo-te como Gomez Addams.
Abysmal senhora das neblinas e mãe de todos os corvos,
sois meu cálice sanguíneo, sois minha queda, sois meu êxtase.

Em pergaminhos de carne me transfiguro,
folhas que voam em ventania noctívaga,
lágrimas de tinta que copulam com o vácuo.
Eis tu, minha senhora do arcano,
colhes minhas sílabas como se fossem
feridas sagradas em liturgia profana.
Eu que senti no osso do gozo, na culpa,
bálsamo na chaga, a dor é sacramento, e o éter-pecado, altar.

Vede o híbrido ser brandindo ao sexo sobre minha fronte,
desfazendo ídolos em pó e silêncio.
Um anjo corrompido pelo sangue do desejo,
um vampiro sexual,
um lupino que rasga com seu uivo de tesão,
até que apenas tua língua reste,
serpente rubra que me crava, que me possui,
até que não mais eu seja eu,
mas sim um delírio, epifania-mania, carne de tua carne,
espírito tragado pelo teu hálito de tempestade.

Ouvi teu uivo no ventre meu,
clamando sangue, clamando carne, clamando vertigem.
Uivo convosco, Senhora, minha treva plasmática, osmose dos desejos,
uivo contra Céus e contra Deuses, até que a lua, navalha da vida,
talhe nossos corpos em girassóis de pranto. Teu pompoarismo dissolveria meu rosto em teu espelho, tempo derretido a escorrer em teu belíssimo, formoso seio.
Ejaculo para ti a energia, ejaculo para ti minha persona, meu perispírito da noite,
ampulheta onde o instante é gozo e o gozo, eternidade.

Se a vida é labirinto, pois que seja, quero-te obcecadamente.
Eu, andarilho desnudo, me lanço às paredes em chamas,
não buscando saída, mas a coruja da resposta, o guardião da combustão. Incinero-me quando acordo pela manhã e o sol me toca a pele, mas não posso sentir o teu toque. Isso é maldição, isso sangra minha sanidade e meu coração se tomba ao trono do Drácula.

Pois o chão não existe,
apenas o céu me sustenta,
e este céu és minha cara senhoria das sombras.
Teu riso é raio, tua lágrima, oceano,
tua carne, relâmpago que me parte em duas metades.

Não desejo salvação, mas perdição absoluta.
Quero que teu feitiço me devore em chama,
que tua boca seja a guilhotina onde findo,
que teu ventre seja o sacrário onde renasço,
que teu sangue escorra em minha língua como letania de fogo.

Quando tudo em pó se fizer,
quando não houver senão cinza e gemido,
quando o verbo for silêncio e o silêncio for verbo,
então — ó Senhora, ó Bruxa, ó Maré dos Mundos —
seremos nada, seremos tudo, carne e sangue e poesia e êxtase.
Aceita: és minha e de ti me alimentarei, diária sucção de tua geradora de vidas,
e ti receberá minha língua profana e o leite de minha energia sexual em tua face.


Escrito por:
Marcos Mancini

Marcos Mancini é um escritor, artista e criador cujo trabalho transcende as fronteiras da literatura convencional, mergulhando nas profundezas da psique humana e explorando as complexidades da condição existencial. Sua obra reflete uma busca incessante por significado, através de uma escrita visceral que combina poesia, filosofia e uma rica variedade de estilos literários... » leia mais
19ª Edição: Revista Castelo Drácula®
Esta obra foi publicada e registrada na 19ª Edição da Revista Castelo Drácula®, datada de outubro de 2025. Registrada na Câmara Brasileira do Livro, pela Editora Castelo Drácula®. Todos os direitos reservados ©. » Visite a Edição completa

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