Promessa & Desejo
Imagem criada e editada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Caminhava nas ruas escuras de Verttica. Nenhuma luz natural... uma aurora sem pálido sol. O minimalismo geométrico da metrópole, cingido num orvalho de solidão prateada, era melancólico e belo. Apreciava, de modo soturno, o brilho de látex, os vidros espelhados e o asfalto de basalto. Olhava para cima, para o céu de rocha ígnea, o interior do Monte Elbrus — imponente, observando-me de volta tal como um abismo o faria.
Com fascínio e certa angústia — a qual eu me negava a ver —, cheguei à Pirâmide Mater. Iniciava-se mais um dia de trabalho, como todos os anteriores. Pelo menos, naquela sala, eu podia observar o que restou do planeta: a lividez do gelo, o céu coberto de poeira biotecnológica. Às vezes a neblina negro-cinérea… às vezes a neve umbrosa e, em raras oportunidades, a chuva — do mesmo tom e gosto amargo de zëttir.
Após validar minha íris, fui instruída a seguir para os escritórios térreos — uma mudança estrutural repentina, por segurança. A Pirâmide Mater era obscura, pontiaguda. No seu interior, um labirinto burocrático e militar garantia a proteção de Verttica, mesmo que isso custasse algumas vidas humanas. Sinceramente, eu já estava acostumada com esta verdade, e todo o meu ofício naquele lugar dependia de uma concentração ímpar — portanto, gastá-la questionando o imutável era tolice. Estar em Verttica era um privilégio, a única zona habitável, com qualidade de vida, em toda a Rússia e, talvez, em todo o mundo.
Seção 13, última sala. Sem janelas. Não demorou para que eu me sentisse sufocada. Levantei-me após uma hora de trabalho e caminhei pelos corredores próximos. Eu só precisava de um pouco de ar, ainda que contaminado por biotecnologia — ousei pensar que seria melhor se estivesse mesmo infectado.
Os corredores estavam vazios, em sua maioria. Meu corpo começava a tremer e meu coração acelerava. “Uma janela... só uma saída... preciso de um tempo” — eu pensava. Perdi-me rapidamente, adentrando em portas que nunca ultrapassara — mesmo as mais restritas, embora reconhecessem e aprovassem minha íris. Talvez, pelo meu cargo, não me fosse impedido o acesso, entretanto, por que não? Havia algo de errado na Pirâmide Mater naquele dia, era evidente.
Consumida por um pânico pressuroso, corri para mais uma porta naquele labirinto e, então, eu o vi. Estava atrás de grades de ferro e prata. Usava um sobretudo de vinil e roupas de couro. Uma carcaça de zër cobria seu rosto, formando uma pirâmide assimétrica. Era um homem alto e forte — estranho para um externado. Aqueles que vivem fora de Verttica não deveriam ser fracos? Eu nunca havia visto um..., mas sabia que existiam e eram divididos em “selvagens” e “ocultos”. Aproximei-me... tive a impressão de que ele me observava.
A carcaça de zër era fascinante! As criaturas que dominam o mundo, o perigo iminente, a fonte da biotecnologia e ali, na minha frente, lapidada em geometria assimétrica, cobrindo um rosto humano como se fosse só mais uma pele de urso. O sujeito teria matado a criatura? Como poderia? Elas possuíam uma agressividade descomedida, eram imensas e de uma força inigualável! Eu estava impressionada...
“Oi...” — murmurei. Sua cabeça se movia, sempre acompanhando meus movimentos. Meu coração ainda acelerado. “Você matou um zër?” — ousei perguntar. Um tenso silêncio emergiu.
“Talvez...” — ouvi. Voz grossa e amedrontadora, decerto modificada para não ser reconhecida. Fremi e senti o arrepio correr pelos meus braços.
“Como é lá fora?” — Aproximei-me da grade, eu não estava raciocinando direito. Mesmo sem face, o homem estranhava meu comportamento, eu sentia. “Posso tocar?” — estiquei-me para dentro da sela, minhas mãos trêmulas.
“Pupilas dilatadas... mãos trêmulas... incapaz de identificar o perigo... você está em vianttre...” — proferiu como um demônio. Vianttre: Síndrome do confinamento de Verttica — eu estudei sobre isso ainda na graduação, entretanto, tomávamos pílulas diárias para manter a sanidade e jamais imaginei que sentiria aquilo; jurei que saberia identificar no primeiro sintoma.
“Deixe-me tocar...” — insisti, perturbada. O homem se aproximou, silencioso. Abaixou ligeiramente sua cabeça. Toquei na pirâmide assimétrica.
Frígida. De textura obscura. Perturbadora! Senti-me eufórica, uma risada súbita partiu de mim. Era impossível manter o controle. De modo célere, meus olhos lacrimejaram e senti algo descer pelas minhas narinas. Era sangue. Aquilo me levou a um pavor mórbido e eu ri mais do que antes. Uma profunda sensação histérica — e pensamentos de morte súbita. Minhas pernas fraquejaram, sentei-me no chão. A visão embaçava, enegrecia.
“Seu coração vai parar, você precisa chamar ajuda...” — ele disse, seu tom selvagem tal como sua aparência macabra. Nunca um habitante de Verttica se importaria com o colapso de um desconhecido. Menos um — eles diriam. Não querem superlotação na megalópole perfeita. Senti uma pontada aguda de dor no tórax, minha capacidade pulmonar estava reduzida.
Vi o homem colocar sua cabeça entre as grades, retorcendo a pirâmide assimétrica, entortando as colunas o suficiente para que ele pudesse passar. Aquela carcaça de zër continuava extrema em força e poder, mesmo sendo apenas uma carcaça.
No chão, a risada perdurava, mas eu estava agora deitada e já quase não enxergava. Lembro-me bem, eu vi com muita dificuldade. Ele sobre mim, e uma agulha perfurando meu pescoço. Retomei a consciência e a sanidade quase que em segundos posteriores, embora com a sequela da tremulação. Fitei o selvagem, senti medo profundo — entretanto, ele havia me salvado. Ficamos em silêncio. Tentei pensar em tudo o que eu poderia perguntar, porém, um nervosismo impedia-me de pensar com clareza.
“Se você podia fugir, por que esperava na cela?” — questionei, quase como um alívio por conseguir proferir alguma coisa.
“Aceito seu agradecimento...” — ironizou. “Uma vez dentro da Pirâmide Mater, não há como sair. Você sabe disso. A menos que sua íris seja verificada.” — ele tinha razão. Estava fadado à morte. Selvagens são considerados contaminados.
“Você tinha um antídoto consigo? Como?” — perguntei, confusa. Ele ficou em silêncio, observando. Levantei-me devagar, algo nele me instigava. Talvez o mistério de seu rosto, porventura sua força em destruir um zër. Ou apenas por ter sido salva, sentindo-me importante para alguém, ainda que para um completo anônimo.
Retirei a renda que escondia meu rosto — e soltei meus cabelos presos pela norma de Verttica. Eu queria que ele confiasse em mim, então fiquei vulnerável. Rendas negras, couro, vinil ou látex cobrindo o corpo, o rosto; cabelos presos e peças geométricas: tudo isso para confundir os inimigos externos. Essa era a lei de Verttica. Zërs não conseguem enxergar, entendem materiais enegrecidos como sombras e geometrias como perigo. Eu escolhia a renda, pois achava bonita — embora não fosse perfeitamente eficaz.
O homem aproximou sua grande mão de meus cabelos soltos, tocando-os devagar. Parecia nunca ter visto uma mulher de cabelos soltos. Pensei que o exterior, porventura, tivesse regras semelhantes à Verttica. Meu corpo ainda tremia e, estranhamente, eu senti desejo e intensa excitação com a aproximação do sujeito. Uma overdose de vianttre e, depois, libido? Eu não conseguia compreender aquela anomalia. Ninguém em Verttica tinha o direito de explorar a sexualidade, tampouco de senti-la. As pílulas regulavam os hormônios para manter o controle. Era preciso. A sexualidade leva à depravação e à violência..., contudo, eu me sentia viva enquanto aquela sensação se prolongava.
“Estou desejando você” — afirmei. Eu não sabia o que fazer com aquilo, achei sensato mencionar, embora, pensei em seguida, o selvagem não entenderia.
“Meu antídoto tira a letargia de todos os controles emocionais que Verttica impõe sobre seus residentes através de doping.” — explicou, tocando, em lentidão, meu pescoço. “Inclusive e, principalmente, o controle sexual...”
“Isso... não é verdade... Verttica nos protege...” — O toque dele... Eu precisava de mais...
“Sente-se protegida?” — ele questionou, seu tom de voz parecia mais monstruoso. Eu não pude responder... Abaixei a cabeça, fitando a porta de saída. Eu poderia fugir. Eu sabia que ele era uma ameaça. Quão abruptas as sensações se destravam no corpo... capazes de dilacerar toda a racionalidade. Eu não iria desistir ou retroceder...
“Pessoas externas sentem desejo diariamente?” — olhei-o.
“Talvez... o externo é precário, mas o sexo nos revigora. Pelo que posso notar, você nunca experimentou essa adrenalina. Sabe na teoria como funciona, mas claramente não sabe o que fazer com o que está sentindo.” — debochou.
“Por que não sei?” — senti meu ego ferido.
“Ninguém anuncia a um desconhecido que está com tesão por ele.” — afirmou, assertivo. “Ainda mais estando dentro de uma sala, desprotegida. E sendo uma mulher, ou seja, fraca.”
“Não sou fraca” — afirmei e, imediatamente, ele me pegou, prendendo-me em seus braços, impedindo-me de me mover. Ele estava quente e ficar tão próxima dele fez minha respiração tornar-se ofegante.
“Talvez para um homem residente de Verttica você não seja fraca. Mas para um externo, você é presa fácil.” — murmurou. Ficamos em silêncio.
Agradava-me sentir tamanho êxtase que, decerto, nascia do meu ventre. Eu estava enlouquecida por ele, tomada por um enlevo demoníaco. Era surreal, tamanha a intensidade. Eu sabia que mulheres poderiam procriar se realizassem o ato sexual e, claro, se ainda tivessem seus úteros. Eu não tinha medo dessa consequência, pois, em razão da rejeição de anestesia, minha cirurgia de remoção de útero era impossível, consequentemente, minha medicação controlada impedia a ovulação natural, tornando-me infértil. Todas as mulheres, ou quase todas, em Verttica, passavam por essa cirurgia. O Domínio — poder governamental — sabia o que fazia para amenizar a superpopulação em tempos de baixo recurso.
“Faça-me sentir mais... e eu te ajudo a ir embora daqui.” — prometi, ainda presa em seus braços. “Mas é preciso ser rápido...” — exigi.
“Prefiro devagar...” — murmurou, imerso em um flerte provocativo. “Pela sua sede, o rápido não vai te satisfazer” — afirmou, soltando-me.
“Não preciso me satisfazer... preciso sentir...” — ficamos em silêncio. Meu desejo estava me deixando sem juízo, pois até mesmo quando nos calávamos, eu sentia imersiva excitação.
O homem levou suas mãos à pirâmide assimétrica sobre sua cabeça e rosto, retirando-a. Meu coração disparou... eu iria vê-lo? Em seguida, livrou-se da placa de aço em seu pescoço e, por último, da balaclava de couro. E então... sim... eu vi seu semblante. O contorno de seu maxilar... seus cabelos castanhos e ondulados... um homem de beleza inexplicável, com algumas cicatrizes na pele, barba curta no rosto, olhos negros como uma breummita e... o brilho prateado na pupila. Ele estava mesmo infectado pela poeira biotecnológica. Aquele lume argênteo eu conhecia bem.
A volúpia, estranhamente, aumentara. No limiar do incontrolável — como se nada importasse. O possível perigo me atraía incondicionalmente. Manter-se distante de um infectado era uma das primeiras leis de Verttica. Entretanto, minhas emoções desequilibradas dificultavam minha servidão ao Domínio.
Ele se aproximou, como um caçador furtivo, desfazendo qualquer tênue possibilidade de retrocesso da minha decisão. Suas mãos envolveram minha cintura, seu perfume como ópio. Senti sua força. Um receio contornou toda a volúpia — fazendo em mim um verdadeiro amálgama de contradições sensoriais. Tudo vibrava, cada centímetro de aproximação era suficiente para a tremulação, mesmo a razão insistindo em me alertar das consequências daquela aproximação. Eu não a ouvia — cedi pela alucinante lascívia... era como estar embriagada. Eu sentia a presença daquele homem... carregada de atração.
“Vou te fazer sentir...” — ele sussurrou... o seu sussurro me inundava... sua voz real era grave para temer... grave para amar... um tom viril que me deixava em silencioso delírio.
Quando seus lábios tocaram os meus, tudo se dissolveu. O ar rareou, o calor ascendeu como uma febre capaz de alucinar. Uma vivacidade afrodisíaca percorreu-me por dentro, desgovernando quaisquer possíveis ações da minha parte. Fiquei submissa à cinesia daquele homem e sua mão envolveu-me a nuca com uma firmeza terna. Seu toque tinha um nível íntimo, como se já nos conhecêssemos há anos. O que aquilo significava?
A língua dele buscou a minha, lenta e profunda, deixando um rastro mentolado, talvez férreo, que contrastava com a sordidez daquilo que nos incendiava. O beijo prolongou-se até perder forma, narcótico e absoluto, misturando respiração e gemido. Quando suas mãos alcançaram meus seios, o mundo, a minha vida, o controle total, a externalidade em decadência — tudo, completamente, findou. O calor foi o que restou, e um som fugido da alma, lamúria de fervor.
Ele despiu-me com calma — mas havia pressa na sua vontade. Eu não estava sozinha no desvario da cobiça impúdica! Aquele lume prateado não negava. Seu toque inicial em meus cabelos, não fora desprovido de intenção. Percorreu-me com um olhar que também me penetrava, sem sequer mover-se. Eu via o desejo contido pulsar sob o vinil que o cobria, e ele percebeu para onde eu dedicava minha atenção. Não precisou de palavra: ele sabia bem o que eu queria. Eu o desejava com uma urgência insana, com a fome de quem quer ultrapassar todos os limites.
Com uma única mão, ele desativou as travas das correntes, abriu o zíper de aço e se libertou da proteção. A cada movimento, com sua habilidade excepcional, algo em mim se dissolvia. O som metálico reverberava na sala, e uma ansiedade pavorosa percorria-me, vibrando entre o medo e o desejo. Quando o vi — rijo, pulsante — toda a minha lógica restante se amorteceu. Restou apenas o frenesi, um torpor que me deixava entre o fascínio e a entrega. Era estranho... eu queria sentir o sabor... o peso... queria tantas coisas que não sei nomear. Por um instante, acreditei que aquela união era fisicamente impossível.
“Não... não acho...” — hesitei, e a dúvida soou como um convite.
“Pode doer um pouco... pode sangrar... mas...” — a respiração dele tornou-se arfante, e o som, por si só, me excitava. “Vou fazer devagar, até que você se acostume.” A voz, antes grave e ameaçadora, tornara-se afetuosa na curva sutil do seu proferir. Devagar... — essa palavra me escaldava.
Ele me tomou pelos quadris e me colocou sobre a mesa. O computador caiu, estrondando no chão. Houve silêncio depois...
Se eu pudesse voltar àquele instante, o teria beijado — eu, na atitude que devia, beijá-lo para parar o tempo. Assim eu faria... e beijaria também a sua rigidez imponente... tocando e sorvendo com meus lábios abrasados...
Quando o senti — a ponta roçando, o calor, o deslizamento... úmido, tão lento quanto a queda de um anjo ao inferno. Trepidei.
“Não... não acho que... cabe...” — Meu ar faltava, meu coração palpitava frenético outra vez. Não era possível que seu membro me penetrasse... era vultoso, talvez demais, entretanto, eu jamais havia visto um, então eu não saberia mensurar com precisão. Senti sua mão em meu queixo, ele me fez fitar seus olhos de luz prateada.
“Feche os olhos” — ordenou. Obedeci.
O avanço lento — muito lento — de sua entrada em mim. Na escuridão trêmula das minhas pálpebras. O corpo se abria à força e, ao mesmo tempo, pedia mais. Devagar... Ele gemia... Dor e calor misturavam-se até que já não soubesse distingui-los. O tempo pareceu se suspender, de fato, o ar ficou denso. Era uma sensação esplendorosa, uma vertigem que fazia esvair o medo e deixava apenas a satisfação. Cada fibra do meu corpo reagia, cada pensamento explodia como uma centelha. Senti arrepiar-se a tez, o sangue ferver, uma corrente subir pela espinha. Era humano… e, pela primeira vez, eu me sentia humana.
Quando percebi que ele estava todo dentro de mim, abri os olhos — precisava ver para acreditar que eu não estava sonhando.
“Está tudo bem?” — ele perguntou, murmurando. A dor já diminuía.
“S-sim...” — respondi em êxtase, ébria.
“Agora vem a parte boa...” — sussurrou em meu ouvido. O homem começou um movimento... entrando e saindo... penetrando, intenso e mais rígido. Eu não... aquilo era apenas impossível... todas aquelas sensações múltiplas. Não havia prazer maior. Nunca houve, nunca haverá. Eu gemia... ele gemia... e mantinha um ritmo perfeito. Meus olhos reviravam, minhas unhas cravavam-se em suas costas, mesmo e ainda que sua roupa fosse reforçada. Suas mãos coordenavam tudo e as minhas estavam indomáveis, capazes de feri-lo sem que eu pudesse perceber.
“Diz... seu nome...” — ele sussurrou. Meus olhos não conseguiam se manter abertos, nem fechados. Abracei-o, com os braços em volta de seu pescoço. Seu perfume invadiu-me... eu poderia morrer naquele momento.
“Nyum...” — proferi com dificuldade... “E você?” — toquei seu peito, mas não conseguia retirar sua proteção. Queria mais de sua pele.
“Logan...” — respondeu, aumentando o ritmo. “Ainda quer... que seja rápido?” — Seu gemido estava deliciosamente austero.
“Não quero... mas... tem que ser assim...” — Logan me segurou pelas pernas, penetrando-me em pé, apenas subindo e descendo com meu corpo. Lembro-me... e reminiscências da sensação se revivem no meu ser. Ia tão fundo. Parecia tocar um ponto específico que me deixava mais molhada, dando-me a sensação de que eu não ia suportar. Algo parecia crescer, um ápice de deleite... eu estava sempre em um “quase”... um “quase” que me levava à loucura. E Logan, tão viril, deixando-me mais ávida e ardente.
“Nyum...” — murmurou meu nome e aquilo me arrebatou. Bem no pé do ouvido, segurando-me intenso... possuindo-me tão firme...
“Preciso cumprir... minha promessa... Logan...” — relembrei... era necessário que parássemos.
“Essa... hum... é uma boa hora... para morrer....” — afirmara enquanto apertava minhas coxas, mantendo o ritmo do seu teso aprofundar. Uma troca de pensamentos... uma sincronicidade de sensações... ambos morreríamos felizes..., porém, a morte não merecia nosso orgasmo final.
“Não... não é...” — Eu desejava mais dele... almejava tê-lo todas as noites. Logan pôs-me na mesa outra vez. Retirou suas luvas.
Mãos... rústicas... veias salientes... força e brutalidade.
Segurou minha cintura e, violento, penetrou ainda mais forte e rápido. Minhas forças se esvaíam. Meu corpo em descontrole total.
Gritei seu nome, implorei para que não parasse... eu sentia que algo aconteceria... nas minhas entranhas... nas artérias, no pulmão... no útero... em todos os órgãos... algo viria, tórrido e indômito... e, de fato, aconteceu.
Tive uma convulsão — era o que me parecia. Espasmos pelo meu corpo, uma carga de energia elétrica em meu sexo. Uma overdose perigosa de enlevo. Uma exultação que atravessava meu crânio, energizando minhas células, fervilhando minha alma. E, no mesmo momento, senti o éter adentrar-me... tão febril... em um jato fugaz — selando o fim.
Logan gemeu intenso, segurando firme o meu pescoço, beijando-me em seguida.
Senti-me mais fraca do que antes... deitei-me em seus braços e ele saiu de dentro de mim, deixando seu sêmen escapar, escorrendo por minhas pernas. Manteve-me em seus braços e sentamo-nos no chão, exaustos. Eu não estava satisfeita, mas sentia-me realizada... cansada e... feliz. As sensações amainaram... a loucura abrandou.
“Eu vou... te tirar daqui...” — sussurrei, respirando seu perfume, tocando seu suor com a ponta dos meus dedos. Ele sorriu, cético, num crime de beleza masculina.
“Hum... eu prefiro ficar...” — afirmou, elevando meu rosto, olhando-me nos olhos.
Sahra Melihssa
Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. No túmulo da sua literatura macabra, a autora entrelaça o terror, horror e mistério com o belo, o fantástico, o científico e o botânico. » leia mais
19ª Edição: Revista Castelo Drácula®
Esta obra foi publicada e registrada na 19ª Edição da Revista Castelo Drácula®, datada de outubro de 2025. Registrada na Câmara Brasileira do Livro, pela Editora Castelo Drácula®. Todos os direitos reservados ©. » Visite a Edição completa
                        
            
  
  
    
    
    
  
  
    
    
    
Caríssimo Dom Søren. No meu coração reside uma profundeza triste que, como uma tenra maré, movimenta-se em ondas frígidas sobre a areia…