A Colina Escarlate - Resenha

Foto de Liza Abreu

No século XX, a jovem americana Edith Cushing é uma escritora iniciante disposta a enfrentar os contratempos para seguir o seu sonho, no entanto, algo desvia o seu foco junto a chegada de um amor inesperado, o qual bagunça todo o rumo de sua história. Ainda que Edith supere os obstáculos e se case com o amor de sua vida, sua história está longe de terminar feliz.

Ao contrário do que muitos pensam, desta vez o livro escrito por Nacy Holder dividido em três atos, veio após o filme realizado por Guillermo del Toro em de 2015. Ambos se tratam de um romance gótico, com todas as características principais do gênero. A versão cinematográfica deixa explicito detalhes sobre a mansão Allerdale Hall e sentimentos que permeiam cada um dos personagens tanto os vivos quanto os mortos.

Como novidade, o livro aprofunda um pouco mais a relação do personagem Thomas Sharpe e sua irmã Lady Lucille Sharpe, e como o horror vivenciado pelos dois na infância pôde construir o problemático relacionamento entre os irmãos, e a forte influência que Lucille detém sobre Thomas, o deixando completamente dependente, uma mescla de apego emocional e culpa, algo totalmente diferente do que ele vem a sentir por sua esposa Edith.

Conflitos narrativos são os principais recursos para que uma narrativa se desenvolva e ao analisarmos a narrativa de ‘’A colina Escarlate’’, compreendemos que adquirir um propósito e iniciar um conflito é essencial para que o personagem se desenvolva e progrida diante dos obstáculos, uma força que os move e movimenta a narrativa, promovendo a tenção.

Nas obras vemos a presença de conflitos internos aplicado na forma em que o amor impede que a protagonista veja os problemas em se relacionar com um desconhecido, externo proveniente do isolamento e das figuras fantasmagóricas, e psicológico quando o medo e amor a impede de tomar decisões importantes. São os conflitos que tornam essas obras especiais, ainda que bebam de referências bem comuns no gênero gótico como dito anteriormente.

Ambas as obras são iguais, idênticas; bem desenvolvidas e compostas por personagens ricos e interessantes, trabalhados em um nível profundo e na inserção de uma reviravolta que revisita o passado a fim de esclarecer alguns dos mistérios os quais os impedem de dar continuidade a vida, expondo a dificuldade em se desprender de laços familiares e prosseguir sobreviver ao deixar um legado baseado em crueldade e enganos.

Texto publicado na 2ª edição de publicações do Castelo Drácula. Datado de fevereiro de 2024. → Ler edição completa

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