Resenha: O poeta maldito e a rainha da noite

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

1850, em uma noite tempestuosa, uma antiga taverna abriga cinco homens imersos em suas histórias. Aos olhos dos mais desatentos, tais figuras não passam de aventureiros românticos e poetas embriagados. No entanto, os contos declamados pelos audazes indivíduos escondem uma profunda camada sombria, e tão logo a embriaguez os leva a testemunhar um terrível e sangrento assassinato. Não tão longe do local, e em outra perspectiva, estudantes da Academia de Ciências Jurídicas e Sociais aproveitam a juventude. Entre eles está Álvarez de Azevedo, mais conhecido como Maneco. Sensível e romântico, Maneco tem sua vida transformada ao cruzar o caminho de uma mulher desconhecida, tornando-se cúmplice em um rastro de morte e sangue por toda a cidade.

"O Poeta Maldito e a Rainha da Noite" é uma obra de ficção histórica baseada em um livro de cinco contos do autor Álvares de Azevedo. A trama introduz uma história romântica e punitiva, com elementos poéticos e grotescos, dando espaço para o protagonista, o próprio Álvarez de Azevedo, revelar um pouco de seu cotidiano. Muito se sabe sobre sua vida, embora pouco seja relatado por seu próprio ponto de vista, pois rapidamente veio a falecer na maturidade dos 21 anos.

Com toda certeza, a experiência de ler este livro será relembrada por mim com muito carinho, pois, quando adolescente, fui muito apegada ao autor Álvares de Azevedo. Hoje, nove anos mais velha do que o autor chegou a ser, pondero sobre tudo que senti em meu primeiro contato com sua escrita, especialmente como não pude refletir sobre o teor da inadequação de sua obra "Noite na Taverna". Agora, mais velha, posso não só absorver uma boa obra de ficção, seja qual for o tema, mas também compreender o fator do tempo e dos costumes de outras épocas, mesmo que possam soar cruéis nos dias atuais.

O livro foi uma ótima forma de conhecer um pouco a mente de um jovem de dezenove a vinte e um anos, inserido na sociedade brasileira do ano de 1850, traçando um doce paralelo entre a ingenuidade e a fantasia lírica. Sem julgamentos e sem afastar nosso carinho pelo autor, mas com uma abordagem atual e reflexiva, a respeito de temas importantes como a violência contra a mulher e a forma como fomos ignoradas e mal compreendidas ao longo das décadas.

Gostei tanto, sou muito grata por essa experiência.

Texto publicado na 8ª edição de publicações do Castelo Drácula. Datado de agosto de 2024. → Ler edição completa

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