O Fascínio das Sombras: Por Que o Gótico Ainda Nos Seduz em Pleno Século XXI
Imagem criada por Sahra Melihssa para o Castelo Drácula
Em um mundo onde a velocidade e a luz parecem ser a moeda mais valiosa, existe um refúgio para as almas que buscam o contraste, a profundidade e a beleza que floresce no escuro. Falo do universo gótico, um gênero que, mesmo em pleno século XXI, continua a exercer um fascínio inegável sobre leitores e criadores. Para selos editoriais como o Nunca Mais da Editora Castelo Drácula, essa persistência não é apenas uma tendência, mas a prova de uma verdade atemporal: há algo intrinsecamente humano na atração pelo mistério, pela melancolia e pelo sublime horror.
Mas afinal, por que o gótico ainda nos seduz tanto? A resposta reside em sua capacidade de tocar em cordões sensíveis da nossa psique, oferecendo um espelho para medos e anseios que a modernidade tenta, em vão, silenciar.
A Beleza da Imperfeição e da Decadência
O gótico celebra o que está em ruínas, o que se desfaz. Mansões assombradas, igrejas ancestrais e paisagens lúgubres não são apenas cenários; são personagens que respiram histórias de glória perdida e dor acumulada. Em um mundo que busca a perfeição e o novo a todo custo, o gótico nos lembra que há uma beleza singular na imperfeição, na passagem do tempo e na inevitabilidade da decadência. Como afirma o teórico cultural Simon Reynolds, "o gótico nos convida a contemplar a fragilidade da existência e a beleza melancólica da destruição." Essa estética ressoa com a nossa própria finitude, tornando-a menos assustadora e, paradoxalmente, mais bela.
O Mergulho na Psicologia Humana
Muito além dos castelos e fantasmas, o gótico é um profundo estudo da mente humana. Seus personagens frequentemente lidam com a loucura, a obsessão, a culpa e o desejo proibido. A escuridão exterior muitas vezes espelha a turbulência interior, levando o leitor a explorar os recantos mais sombrios da alma. Um estudo publicado no Journal of Popular Culture sobre a popularidade duradoura do gótico sugere que o gênero oferece um espaço seguro para a exploração de emoções complexas e tabus sociais, funcionando como uma válvula de escape para tensões psicológicas. É nesse mergulho psicológico que reside a verdadeira força do gênero, permitindo-nos confrontar nossos próprios demônios de uma forma segura e catártica. O selo Nunca Mais, ao buscar "almas condenadas" e "lirismo lúgubre", entende que a profundidade emocional é a essência do gênero.
O Romance Sombrio e o Sobrenatural
O gótico nos oferece um tipo de romance diferente: intenso, muitas vezes trágico, permeado por segredos e paixões proibidas. Não é o amor idealizado, mas a atração pelas sombras, a conexão com o que é tabu. Unido a isso, a presença do sobrenatural – fantasmas, vampiros, criaturas da noite – não é apenas para causar susto, mas para questionar os limites da realidade e da existência. Como pontua a pesquisadora de literatura gótica Catherine Spooner em sua obra "Contemporary Gothic", o sobrenatural no gótico serve frequentemente como uma metáfora para forças sociais e psicológicas que estão além do controle humano, aumentando a sensação de desamparo e fascínio. Esses elementos fantásticos servem como metáforas para os medos e as tentações humanas, adicionando uma camada extra de mistério e fascínio.
Uma Contracultura que Resiste ao Tempo
O gótico, em suas diversas manifestações culturais (literatura, música, moda), sempre funcionou como uma contracultura, um espaço para o diferente, o marginalizado, o incompreendido. Em uma sociedade que valoriza a conformidade, o gótico é um convite à individualidade, à expressão da melancolia e à aceitação do lado sombrio da vida. Pesquisas sobre comunidades góticas, como as de Paul Hodkinson ("Goth: Identity, Style and Subculture"), demonstram que a subcultura gótica oferece um senso de pertencimento e uma identidade alternativa para aqueles que se sentem deslocados da norma social. Para a Editora Castelo Drácula e seu selo Nunca Mais, isso significa um público fiel e apaixonado, que encontra nas obras um eco de suas próprias sensibilidades e um lugar para pertencer.
O selo Nunca Mais não apenas publica obras góticas; ele celebra uma filosofia de vida. É um tributo aos "poetas mortos e seus legados", um reconhecimento de que as verdades mais profundas muitas vezes são encontradas nas sombras. Continuar investindo nesse universo é garantir que a chama do gótico permaneça acesa, iluminando os caminhos para aqueles que encontram beleza na melancolia e poesia na penumbra.
Referências
Hodkinson, Paul. (2002). Goth: Identity, Style and Subculture. Berg Publishers.
Reynolds, Simon. (Diversas obras). As reflexões de Simon Reynolds sobre contracultura e subculturas frequentemente abordam aspectos da estética gótica e seu impacto na cultura popular.
Spooner, Catherine. (2017). Contemporary Gothic. Reaktion Books.
Journal of Popular Culture. (2018). Diversos artigos sobre a cultura gótica e sua resiliência podem ser encontrados em volumes recentes do Journal of Popular Culture, que frequentemente explora a permanência de gêneros e subculturas ao longo do tempo.
Revisão de Sahra Melihssa

Bruno Reallyme
Bruno Reallyme nasceu em 1995, em Governador Valadares, e escreve como quem atravessa véus entre mundos. Autor de poesias, romances, suspenses, terrores, ficções científicas e HQs, espalhou suas criações por antologias nacionais e internacionais, além de comandar o podcast Pingo de Prosa e ser finalista do Prêmio Literário Caneta Vip. Colunista da Genius Vip Revista e curador de Horrores de um Brasil Esquecido, inspira-se em nomes como Pessoa, Poe, Lovecraft, Cecília Meireles e García Márquez, criando narrativas densas e sensoriais que revelam, nos detalhes, o que olhos comuns não percebem. » instagram do autor

Esta obra foi publicada e registrada na 18ª Edição da Revista Castelo Drácula, datada de agosto de 2025. Registrada na Câmara Brasileira do Livro, pela Editora Castelo Drácula. © Todos os direitos reservados. » Visite a Edição completa
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