Tumba para duas

Foto de Veit Hammer

Escrevo essas palavras sabendo que você nunca as lerá,
Mesmo assim mergulho em minha alma com ansiedade
Nesta noite turbulenta que agita a minha mente
E as escrevo sem piedade,
Pois me odeio nesse momento por respirar sem a sua presença,
Percebo como é doloroso viver,
Sabendo que tudo que faço ou irei fazer
Não será mais do seu conhecimento.
Nem meus pensamentos,
Nem meu dia-a-dia a partir do momento de sua partida
Já que não está mais aqui,
Desejo apenas não sentir,
Não ter esses sentimentos,
Talvez atenuá-los e seguir minha vida,
Mas todos os caminhos que sigo me conduzem a você
E as vezes eu quero poder te fazer companhia,
Descansar, como você faz, na terra fria
Aquilo que outrora nos unia, agora parece uma barreira
Oh vida, como gostaria de dissolvê-la
Para nos deixar a sós novamente
As vezes ouço sussurros e passos,
E me percebo te procurando,
Como se de algum lugar você estivesse me assombrando
Não é real, é apenas meu cérebro a me enganar
Crendo que nosso amor além da morte poderia estar
E confesso silenciosamente que, eventualmente,
Eu queria poder descansar em paz
Naquela tranquilidade final que só a morte traz
E se por uma tranquilidade silenciosa
Nos deitássemos lado a lado pela eternidade nessa cova?
Sei que há espaço nessa tumba para nós duas.

Texto publicado na 4ª edição de publicações do Castelo Drácula. Datado de abril de 2024. → Ler edição completa

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