Morto-Vivo

Foto de Zoltan Tasi 

No altar o odor pútrido paira no ar,
Nessa igreja de cadáveres esquecidos,
Seu jardim sagrado é o cemitério,
Onde os mortos estão escondidos
Estou rezando e sentindo o péssimo odor do altar
Meu senhor está morto-vivo, morto e eu também vou estar

A terra engoliu todos aqueles corpos
Entre gemidos e lamentações
Neste santo jardim mal cuidado com odor de podridão
Eu vejo um manto de trevas cobrir o pouco de devoção que restou 
Do alto do altar a morte se ergue em sua glória
Meu senhor está morto-vivo, morto e eu também estou

Os fiéis se curvam em dor
Sinto o odor pútrido, doce e forte
Ouço um hino sem o fim do redentor
Em meio a oração uma presença se manifestou
Vejo suas cicatrizes e seu sangue seco
Meu senhor está morto-vivo, morto-vivo e eu também estou

Texto publicado na 4ª edição de publicações do Castelo Drácula. Datado de abril de 2024. → Ler edição completa

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