Em sua coroa repousa um corvo,
Que devora suas órbitas;
A janela da alma.
Um espírito encarcerado
Em sua própria miséria.

No canto do meu quarto,
Ele espreita, com suas correntes
Entrelaçadas no mundo dos vivos.
Um cadáver – não mais.
O Rei de um mundo fantasmagórico.

Em sua coroa repousa um corvo,
Eu o vejo junto ao relógio,
Que me desperta na madrugada solene.
Sua voz vem do além,
Para me lembrar que um dia serei como ele.

Aquele corvo também pousará em minha coroa.
Em uma noite qualquer,
A foice que separa o corpo da alma,
Estará banhada com o sangue do meu espírito.
No fim, rezarei para que nada me aprisione neste mundo.

Mas sei, que falharei, pois, sou poeta –
Uma alma perdida, uma alma cósmica,
Uma sujeira natural e indesejada do Universo.
A poesia e o temor me permitem ver o corvo,
Sou poeta, um fim trágico em si mesmo.

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