Elegia de Jack O’Lantern

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

Óh, desgraçada forma essa a minha,
Do meu destino não prevejo uma linha.
Pois a sete palmos do chão,
Jaz uma amada, morta por minha mão.

Óh, desafortunada forma essa a minha,
Envenenado, não por feitiço ou varinha.
Sofri quando me disseste: "me esqueça!"
Uma abóbora tenho, ao invés de cabeça.

Óh, formosa forma era a tua!
Apaixonei-me, pois a vi nua.
Seu sorriso, primavera pura,
Nunca estaria eu à tua altura.

Óh, gloriosa forma era a tua!
Passei a persegui-la nas ruas.
Rubras melenas aquecem o coração,
Amor, candura e tentação.

Óh, graciosa forma me seduz!
Teus passos, dança que me conduz.
Teu perfume, doce brisa ao luar,
Eras meu sonho, impossível de alcançar.

Óh, funesta decisão que obriguei-me a tomar:
Se não posso te ter, não há por que te deixar.
Se não posso a ti chegar, que você venha a mim,
E assim decidi pelo seu fim!

Óh, vergonhosa decisão, ponho-me a lamentar:
Desgraçado sou! Como pude te aniquilar?
Num ímpeto sombrio, tua vida tirei,
E agora, em silêncio, minha chama extinguirei.

Texto publicado na Edição 10 - Aborom, do Castelo Drácula. Datado de outubro de 2024. → Ler edição completa

 
 

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