Senda de passos brancos (fragmento)

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

A longa estrada ao Vale se inicia
na noite descorada — lama e geada.
O primeiro dos cantos acompanha
a névoa fina, o fim da madrugada,
o vento frio, cortante, umedecido.
Rebanhos já despertam pelos campos
rodeando lagos, evitando as sombras
de altos pinheiros feitas pelos postes
antigos e vencidos pelo escuro.
Ao longe, aquele bosque…
E cobrem o caminho tantas árvores,
disformes estas, sempre tão fechadas,
mas elas pouco ocultam, tão somente
galhos partidos, folhas ressecadas
e sonhos esquecidos.

Ainda além da via do Castelo,
cercada por metálicos ruídos,
ergue-se a Catedral, e a sua alvura
reflete em si os raios d'alvorada
em róseos dedos já reavivada.
Os brônzeos sinos soam piamente
pela cidade frígida, vazia,
e ecoa pelas torres uma angústia
de vãs lembranças, de esperanças mortas
há tempos pela vida.
Altíssima entre as nuvens da manhã
a cruz se mostra, mesmo enferrujada.
No tempo antigo, quando foi alçada,
quanto luzia, quanto serenava
o espírito infeliz…!

Texto publicado na 7ª edição de publicações do Castelo Drácula. Datado de julho de 2024. → Ler edição completa

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