Pobres Criaturas – Bella Baxter, a Frankenstein Feminista
"Pobres Criaturas" (em inglês, Poor Things) é um romance de Alasdair Gray publicado em 1992, que pode ser citado como uma adaptação moderna de Frankenstein, o clássico de Mary Shelley. O livro é uma mistura de fantasia, ficção científica e crítica social, ambientado na Escócia do final do século XIX.
A história gira em torno de Bella Baxter, uma mulher que é ressuscitada por um excêntrico cientista, o Dr. Godwin Baxter, após sua morte. Assim como no Frankenstein de Shelley, a protagonista passa por um processo de reconstrução, o que levanta questões sobre identidade, humanidade e o papel da ciência.
Enquanto o monstro de Frankenstein é retratado como uma criatura trágica, lutando para encontrar seu lugar no mundo, Bella é uma personagem mais complexa, que busca entender sua nova vida e desafiar as normas da sociedade vitoriana. O romance aborda temas como feminismo, desigualdade social e o impacto do progresso científico, assim como o original de Shelley, mas com um tom mais satírico e uma perspectiva moderna. O filme "Pobres Criaturas" (Poor Things), dirigido por Yorgos Lanthimos, explora questões feministas e de igualdade de gênero, refletindo os temas presentes no livro de Alasdair Gray.
A narrativa destaca a busca de Bella por autonomia e liberdade, desafiando as restrições que a sociedade tenta impor sobre ela como mulher. O filme explora a construção da identidade feminina, o direito à autodeterminação e a luta contra a opressão patriarcal, temas centrais ao feminismo.
Além disso, a personagem de Bella representa uma figura de empoderamento, rejeitando as convenções tradicionais e lutando por igualdade e justiça. Portanto, o filme "Pobres Criaturas" aborda de forma significativa as questões de feminismo e igualdade de gênero, em consonância com a obra original.
O livro também faz uso de uma estrutura narrativa não convencional, com várias camadas de narração e documentos fictícios, o que adiciona profundidade à história e à reflexão sobre o papel da narrativa na construção da realidade. Em resumo, Pobres Criaturas é uma releitura criativa e crítica de Frankenstein, explorando temas semelhantes, mas adaptados ao contexto cultural e social do final do século XX.
Outro ponto que faz um intertexto entre as duas obras é a construção do personagem Dr. Godwin Baxter que é inspirado em William Godwin, pai de Mary Shelley. William Godwin foi um filósofo, escritor e um dos primeiros defensores do anarquismo e do pensamento radical no século XVIII. Ele é conhecido por seu trabalho em prol dos direitos individuais e da liberdade, além de ser um crítico das instituições autoritárias da época.
O nome do personagem, "Godwin Baxter", é uma referência direta a William Godwin, o que cria um elo simbólico entre o cientista do romance de Alasdair Gray e o pai de Mary Shelley. Assim como Godwin, Baxter é um pensador excêntrico que desafia as convenções sociais de sua época, principalmente em relação à ciência, moralidade e liberdade individual.
No livro e no filme, Dr. Godwin Baxter revive Bella Baxter, imaginando o ato de "criar vida", um tema central em Frankenstein, obra de Mary Shelley. A conexão com o pai de Shelley serve como um comentário sobre a natureza da criação, tanto literária quanto científica, e reforça as ligações entre Pobres Criaturas e o clássico Frankenstein.
"Pobres Criaturas" (em inglês, Poor Things) é um romance de Alasdair Gray publicado em 1992, que pode ser citado como uma adaptação...