Fragmentos na escuridão
Recordo-me dos fragmentos,
estilhaços que caem como ecos no abismo do chão,
as sombras dançam,
de uma presença silente e tímida,
que se oculta nas ossadas dos vitrais quebrados,
seus olhos negros, vazios, encontram os meus,
e, como cacos de vidro,
minha alma se despedaça,
perdendo-se nas profundezas insanas
de um precipício eterno e sem fim.
Deleito-me na fria sobriedade,
seduzida pelo sussurro envenenado da escuridão,
que, com garras de ferro forjadas,
arranca meu coração ainda vivo, mas morto.
Ainda hoje, lembro-me da dor,
e ainda hoje, me deito,
entre as ruínas de seus vitrais em cacos,
onde a escuridão é meu único refúgio.
Texto publicado na Edição 12 da Revista Castelo Drácula. Datado de janeiro de 2025. → Ler edição completa
Michele Valle nasceu em 1986, em Juiz de Fora (MG). Pesquisadora, taurina, apaixonada pela natureza e pela vida, formou-se em Fisioterapia com especialização em terapia intensiva, cardiorrespiratória e cuidados paliativos. É vice-presidente da LEIAJF - Liga de escritores, ilustradores e autores de sua cidade. Atualmente tem diversos contos publicados em Antologias no Brasil e na Europa. Sua primeira antologia como organizadora foi…
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