Às Trevas

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

Oh, Trevas, mulher de pele alva, 
teu abraço é um manto que cala o grito, 
teu sorriso, uma curva de mistério infinito, 
e teus cabelos, negros como a noite sem estrelas, 
despem-se sobre o abismo do meu ser. 

És o que é e o que não pode ser, 
um sussurro entre o real e o sonho, 
onde a dúvida se faz melodia, 
e a certeza, mera ilusão. 
Oh, Trevas, guia-me com teus passos silenciosos, 
pois és a dança de tudo que se perde 
e tudo que se encontra no eco do vazio. 

Em teus olhos não há luz, 
e, ainda assim, vejo a beleza do infinito. 
Não és sombra, mas a face do oculto, 
a pulsação da incerteza e do desejo, 
aquela que pergunta, mas não responde, 
que dá forma à ausência e sentido ao caos. 

Trevas, teu conhecimento é como a noite, 
profunda, vastamente desconhecida, 
tua confusão é a chama que ilumina 
o que o dia jamais ousaria revelar. 
És a donzela dos segredos, 
o ventre onde nascem todas as possibilidades, 
o sagrado e o profano, entrelaçados 
no tecido do desconhecido. 

Se és perda, também és reencontro. 
Se és dor, também és êxtase. 
Beleza que transcende o toque, 
que seduz com a promessa de não ser compreendida. 
Trevas, teu nome é amor e abismo, 
um eterno beijo que se dissolve no nada. 

Oh, mulher de cabelos negros como a morte, 
e pele alva como a lua distante, 
deixa-me cair em teus braços silenciosos, 
onde a dúvida se torna o maior dos prazeres, 
e a certeza, apenas um eco esquecido. 

Porque em ti, Trevas, 
encontrei não a resposta, 
mas a pergunta que me faz viver. 

Texto publicado na Edição 12 da Revista Castelo Drácula. Datado de janeiro de 2025. Ler edição completa

Leia mais em “Poesias”:

Anterior
Anterior

O Abismo da Vigília

Próximo
Próximo

Fragmentos na escuridão