5 Poemas Existenciais do Poeta Cláudio Borba

Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula
A poesia de Cláudio Borba é um convite ao abismo das reflexões mais profundas. Com versos que transitam entre o efêmero e o eterno, ele tece palavras como quem molda sombras e luzes, explorando os labirintos da existência e os mistérios que nos habitam. Membro do Castelo Drácula, Cláudio imprime em sua obra um lirismo intenso, questionador, muitas vezes melancólico, mas sempre enraizado na busca pelo sentido – ou pela aceitação do sem sentido. Seus poemas evocam aquele silêncio raro que ecoa dentro de nós após leituras que deixam marcas, ressoando inquietações ancestrais.
Neste post, selecionei cinco de seus poemas mais existenciais, aqueles que nos fazem contemplar a fugacidade do tempo, os paradoxos da vida e as sombras que nos rondam. Mergulhe na poética de Cláudio Borba e permita-se ser atravessado por sua visão única do mundo.
Boa leitura!
Com apreço sombrio,
A Anfitriã: Sara Melissa de Azevedo
Seleção publicada na Edição 13 da Revista Castelo Drácula. Datado de fevereiro de 2025. → Ler edição completa
Leia mais em “Poesias”:
Nas águas turbulentas do pensamento eu me abraço, | Recebendo do inconsciente memórias do passado. | Observo o sol ao longe pousando no horizonte…
Corria o sangue feito rio, | Manchado pela ferrugem de um machado amolado. | Era uma dançarina, uma dionisíaca, | Uma sacerdotisa…
Repartir as flores, espanar o mármore… | adornar aquele nome, | ofuscado na poeira. | Dar, ao ontem, um regalo…
2 minutos de leitura
Mais uma foto que meu peito agita… | E tudo o que fazia, agora, estanco. | Imagemxuberante, tão bonita… | De cores vivas (mesmo em preto e branco)…
É o medo de nadar no lago, | e afundar no raso, | e morrer sem ar. | É o medo de inundar o peito, de fôlego e de amor, | E findar no nada, | e, no oco do inferno…
Coragem, amor, | pois a vida é ligeira em inundar o que vem vazio. | Cobre-te de ouro e falsa seda, | protege-te do espinho e perderá, também…
A chama comia papel — desordenada, a mando maior —, | Rasgaram livro na praça, | Devoraram à mocidade, também…
Adentro no mor lôbrego Castelo | Tal corpo em algor mortis, tão mordaz… | Soturno a mim murmura sobre um elo | Dest’alma condenada que me faz;…
Pelas facetas da solidão, meus passos enveredavam em uma dança extasiada. | O toque do vento, por vezes, era a única caricia que restava;…
A mais caudalosa turbulência, | a rebeldia que transportava espumas | para o colo do barco, | fazia surgir o medo constante | de conhecer o fundo…
Nos ermos turvos, sob a névoa espessa, | Engrenam-se os dias num ciclo enferrujado, | corações de cogs, reluzindo em pressa, |
pulsam mecânicos num tempo quebrado…
Definha’s estruturas obra inacabada | Abalada em si pela agonia | Bela torre bradava ao céu alada | Babel em momento de alegria…
O que sou senão um mero errante, | Um grão de areia à beira de um abismo, | Um mero sussurro em um tempo vacilante, | Moldado em pranto, pó e sofismo?…
Melíflua, te entorpeças no sonhar; | Visões de horror e encanto surgirão | E salva na tu’angústia vais estar | Enquanto lamentar teu coração;…
Qual luz de fim de tarde em triste inverno | (Deixando escuro e frio o alvor de outrora), | Assim vi teus vestígios indo embora | Pra longe e aquecendo um corpo inverso…
Tinha uma bruxa na lua... | Eu sei, | Eu vi. | Subia, ao fim da rua, num ruído verdejante de poeira... poeira de livro velho. | Pó de cravo, sálvia do inverno…
Temer tornar-se póstuma poeta | Amarga-me a ponto d’um malfeito: | Tirar d’um literato a sua costela | E pô-la, ensanguentada, no meu peito…
No limiar onde o tempo se parte, | e o azul-cinza sangra o real, | trovões sussurram em fendas abertas, | dançando na pele do imortal. | Ninguém escapa. Ninguém…
Mui bela, azulínea, pulcro aroma… | Enflora desolada finitude… | Ó, pétalas de seda! Eis meu sintoma: | Saudade… terra úmida, ataúde…
Sob o manto escuro da noite, eu a vejo, | uma ponte feita de ossos e madeira antiga. | Ela desperta com o som de trovões, | um caminho que chama meu nome…
Sob o luar, ela vaga em beleza sombria, | Enquanto a lua sangra em melancolia. | A noite envolve, com véu de tormento, | Versos em tumbas…
No sangue velado, | Em uma taça deixado. | Para os olhos a cor um deleite, | O espinho que perfura a pele| Encontra o sangue com requinte,…
A cara não é feia nem bonita sem saber o que é feio e belo | Como Crusoé na ilha tentando fazer-se a si | Um personagem fictício como os outros…
Um beijo sepulcral na testa dada ao frio | Mais descoberta que a vida fora dos rumores | Um beijo traz imagens das carícias e das dores | Da vida gélida…
Será que tudo acabou? | Quando se destrona o sono | A realidade pesa pelo abandono | E o suor da vida sem sonhos, inundou…
Há uma ponte eterna que atravesso, | Da qual não vejo o fim, se a distância | Aumenta quando penso haver progresso — | Se feita é como as minhas esperanças…
Uma dolorosa despedida | Veja! Lágrima seca pela dor | Oh, uma face tão abatida! | Os poéticos últimos momentos de uma flor…
Sob o arco dourado do salão brilhante, | desliza a vida em passos intrigantes. | Um baile onde máscaras não revelam a verdade, | trocando sorrisos por…
Oh, Trevas, mulher de pele alva, | teu abraço é um manto que cala o grito, | teu sorriso, uma curva de mistério infinito, | e teus cabelos, negros como a noite sem estrelas,…

Recanto de Literatura Gótica
Saudosa alma silente e melancólica, | Efêmeros ocasos: meu langor… | No onírico resido e quão simbólica | A vida é n’esta gênese do alvor…