Imagem criada e editada por Sara Melissa de Azevedo para o Castelo Drácula

Sob o manto escuro da noite, eu a vejo,
uma ponte feita de ossos e madeira antiga.
Ela desperta com o som de trovões,
um caminho que chama meu nome na escuridão. 

O vento me envolve como se estivesse vivo,
meus segredos rasgam meu peito querendo sair.
Cada passo me corta como uma lâmina,
e a luz dos raios revelam minhas feridas que fingi esquecer. 

As tábuas rangem sob meu arrependimento,
como se confessassem meus pecados ao infinito.
A chuva cai, não como uma benção, mas como sentença,
lavando meu rosto com lágrimas que não derramei. 

Diante de mim, formas se erguem na penumbra,
amores que destruí, promessas que quebrei,
rostos que banhei com indiferença quase mortal.
Agora me encaram, famintos por respostas. 

A cada passou que dou, a ponte me consome,
meu fôlego se perde em meio aos murmúrios.
O Universo ri zombando de minha fraqueza,
e eu, frágil, encaro verdades que não posso fugir. 

Ao fim, o abismo me espera, escancarado,
mas não há queda, apenas um cruel silêncio.
Deixo parte de mim naquela maldita travessia,
um pedaço de mim que nunca irei buscar. 

Quando eu olho para trás, a ponte some,
engolida pela noite e sua escuridão eterna.
Eu sigo em frente, mas não sou o mesmo,
pois agora carrego o peso do que sempre fui.

Texto publicado na Edição 13 da Revista Castelo Drácula. Datado de fevereiro de 2025. → Ler edição completa

Leia mais em “Poesias”:

Anterior
Anterior

Diário de Anton Stefan Miahi — VIII

Próximo
Próximo

Filha da Noite