Imagem criada e editada por Sahra Melihssa, para o Castelo Drácula

Temer tornar-se póstuma poeta
Amarga-me a ponto d’um malfeito:
Tirar d’um literato a sua costela
E pô-la, ensanguentada, no meu peito.

Na lira-languidez que aqui sonuro,
Segredo os meus mais lídimos anseios…
Regai-vos meu caixão de cedro escuro
Com vosso admirar que tarda alheio!

No lôbrego noturno ler-me-eis
E então, pois, sentireis o meu plangor
Ao pé d’ouvido: “Póstuma” direi…

P’ra alguns, elã; p’ra outrem, horror!
Verei persignar-se espavoridos
Aqueles editores, corrompidos,
Dirão: “Misericórdia!” e os bons: “Valor!”.

Texto publicado na Edição 14 da Revista Castelo Drácula. Datado de fevereiro de 2025. → Ler edição completa

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Sahra Melihssa

Poeta, Escritora e Sonurista, formada em Psicologia Fenomenológica-Existencial e autora dos livros “Sonetos Múrmuros” e “Sete Abismos”. Sahra Melihssa é a Anfitriã do projeto Castelo Drácula e sua literatura é intensa, obscura, sensual e lírica. De estilo clássico, vocábulo ornamental e lapidado, beleza literária lânguida e de essência núrida, a poeta dedica-se à escrita há mais de 20 anos. N’alcova de seu erotismo, explora o frenesi da dor e do prazer, do amor e da melancolia; envolvendo seus leitores em um imersivo, e por vezes sombrio, deleite. A sua arte é o seu pertencente recôndito e, nele, a autora se permite inebriar-se em sua própria, e única, literatura.

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