Imagem criada por Aslam E. Ramallo para o Castelo Drácula

Mãos esqueléticas e femininas, de dedos feridos e unhas roídas, penduraram pouco acima da janela apodrecida, num prego comprido e enferrujado, um singular bebedouro adaptado. Talvez outrora tivesse servido aos beija-flores, porém agora, com nova aparência, serve obscuros seres. No recipiente, nada de água açucarada, e sim grosso líquido de textura diferenciada, de cor escura e avermelhada.

O cheiro de dama-da-noite conduzia os mamíferos voadores rumo ao leal agrado pela triste moça entregue de bom grado. Na janela e à espera dos morcegos, a moça fitava alucinada o bebedouro, um riso melancólico e uma triste canção de amor, a fim de disfarçar a dor, moviam seus ressecados lábios rachados. Pensava no amado bestial, no belo monstro sobrenatural e fatal ao qual a alma entregou desejando um amor infernal.

Com a cabeça entre as mãos frágeis, jubilou tímida quando, da janela, avistou os voadores ágeis. Entretida e imersa na aérea dança macabra pelos morcegos executada, não percebia e nem sentia o sangue deslizar sereno, em funério e mortal encantamento, dos talhos profundos de seus pulsos até os secos cotovelos.

Revisão de Sahra Melihssa

Escrito por:
Gabriella Batista

Gabriella Batista nasceu em 1994, é graduada em Letras, pós-graduada em Psicopedagogia e certificada em Teoria Literária e Literatura Universal. É escritora e autora de poemas, prosas poéticas e contos, tem textos publicados em diversas antologias, trabalha na área da educação e mantém o Instagram literário e artístico » Instagram da Autora
18ª Edição: Theattro - Revista Castelo Drácula
Esta obra foi publicada e registrada na 18ª Edição da Revista Castelo Drácula, datada de agosto de 2025. Registrada na Câmara Brasileira do Livro, pela Editora Castelo Drácula. © Todos os direitos reservados. » Visite a Edição completa

Leituras recomendadas para você:
Anterior
Anterior

Mansão Blackwood

Próximo
Próximo

Devota