Lídia Machado
Vivendo por entre bibliotecas e saraus, desde o início de sua juventude a autora Lídia Machado vem tecendo íntima conexão com a poesia e com a escrita. Primariamente, cronista e fabuladora nas aulas de redação. Depois, aos quinze, jornalista estagiária as quais saía, de mototáxi – munida de coragem e de pouca bagagem profissional – rumo aos eventos da charmosa Limoeiro do Norte. Entrevistas, escrita e até mesmo o contato com antigos e leais assinantes do jornal. Também nascia, ali, o amor pela fotografia. Aos dezenove, iniciou como artesã das plantas e taróloga, apresentando em eventos culturais diversos.
Inevitavelmente, a vida a puxava de volta à escrita, e foi num período de obscurantismo que essa reencontrou a menina que percorria os corredores da biblioteca. A paixão pela literatura e o desinibir daquela escrita, que vivia como criatura engaiolada, sempre tão faminta por vida. E veio o primeiro livro – romance de terror e drama ainda não publicado –. E veio o segundo, A Perfumaria Poética, o qual alcançou a segunda colocação na lista dos mais vendidos na categoria de História, teoria e crítica, na livraria Amazon. A autora segue lapidando novas histórias, e essas logo serão partilhadas.
Entrevista
Nasci em Limoeiro do Norte, moro em Fortaleza desde 2017.
Sou graduanda em Letras, iniciante na pesquisa. Por dois anos, jornalista estagiária informalmente, no jornal Folha do Vale. Fitoterapeuta, perfumista e especialista dos arcanos.
O que mais me atrai nessa literatura é o ar jasmíneo e conectivo que essa tem para com as pessoas que pairam na margem. Vejo como um abraço no mais espontâneo e obscuro aspecto de quem somos, refletindo sempre os lados evitados e, inegavelmente, mais poderosos da natureza humana.
Desde os primeiros anos, vivia na biblioteca da escola, lendo livros como o grande O Fantasma da Ópera, e consequentemente me ponto a inserir elementos das sombras em minha escrita inicial. Pequenos contos, crônicas, de tudo me punha a fazer nas aulas de redação. Esse gosto foi sendo lapidado em meio ao processo com o jornalismo, trazendo ao meu convívio uma maior dose de poesia, brasileira e estrangeira. Findei por me redescobrir na necessidade de escrever, e de em tudo pôr um dedo de poesia. Publiquei meu primeiro livro de forma independente, travando jornadas de até dezoito horas de trabalho com pouco descanso. Isso em nada me desanimou, ao contrário. Me fez respeitar ainda mais a escrita e o legado de cada autor(a). Escrevo por ofício e escrevo, também, para degustar o ócio, quando esse se faz.
Estou trabalhando para publicar meu segundo livro, o qual traz um conto de narrativa indigesta e questionadora. Lápides, lutos, amores… um trago de períodos onde reinava a ditadura, e onde a liberdade era uma criatura antiga, ofuscada e venerada de forma herética. Guardo um romance de terror/drama finalizado, o qual homenageia uma lenda urbana de nossa cultura, ainda à espera da publicação. Caminho, também, na seleção de minhas poesias - fartos cadernos, os quais acompanharam um ano todo de dissolução e reformulação, do eu e da vida - e busco publicá-las numa antologia. No mês de março serei publicada pela revista QG das Letras, e sigo em busca de disseminar a ideia dessa literatura sombria, honrosamente fúnebre e tão influente em nossa caminhada.
Sou perfumista botânica, pintora, bailarina e artesã de fitoterápicos.
Patti Smith, Clarice Lispector, Emily Brontë, John William Waterhouse, Patrick Branwell Brontë, Shakespeare, Chavela Vargas, Joan Baez, Laurie Cabot, Platão, Cora Coralina, Artemisia Gentileschi, Patricia Morrison.
A Perfumaria Poética; meu poema titulado “Simplicidades”, na Antologia Invictus; meus textos no perfil @bruxadabiblioteca, no instagram.
Essa é grandemente subestimada, e constantemente surpreende leitores mundo afora. Tanto os clássicos, precursores, como a vastidão de romancistas, poetas e pensadores(as). Somos um berço cultural no qual misturam-se referências, nostalgia, luta, afeto, saudade… vemos a existência, indizível e impensável, de sertões onde paira, em certo aspecto, algo do goticismo. Um país de intensa prosa! Toda uma gama de escritoras(es) que encontram, tanto na imensidão vegetal e nas formas desse território, como na singular vivência brasileira, um fértil jardim para o plantio da poesia e de toda literatura.
Sim. Em A Perfumaria Poética pude, para além de citar obras brasileiras (musicais e literárias), apresentar uma pequena parte da vida vegetal que aqui temos, e que, diga-se de passagem, impressiona a narizes de todo o mundo. Meu segundo livro, um conto como antes falei, se passa em território brasileiro, trazendo na narrativa uma imensa colherada das culturas que aqui encontramos. O alimento, a musicalidade, a convivência… se faz possível reverenciar a sinestesia e os nossos elementos culturais em cada estar de uma escrita.
Tomo emprestada a definição de Clarice e digo, escrevo ficção. Mas uma ficção que busca, quase sempre, fundir o doloroso com o florescer afetivo que de todo amargor nos resguarda. Escrevo sobre a morte, sempre, mas não a tenho como feia ou má. É uma constante ode à existência.
Dou sempre um jeito de mesclar, em toda escrita, um pouco de poesia e um pouco de filosofia. Essa foi a minha primeira paixão intelectual e, desde o momento em que esbarrei com Diotima, Sócrates, Platão, Descartes, adquiri o hábito incorrigível de em tudo pôr um pouco do que esses me deram. O uso das palavras, nos trabalhos que realizo, busca sempre uma intencionalidade. A repetição dessas, a rima, o arranjo, seguem uma ordem que aspira uma musicalidade.
Obras da Autora
A autora ainda não possui textos publicados no Castelo Drácula.
Foi aprovado pela Comissão das Trevas do Castelo Drácula.