Diário de Dantesca Nínmia — Trecho nº1
Uma criatura de agoníria atravessara o portal obsidia; foi contida por Somníria dentre as densas nuvens alvililáses, todavia, em sua força sombria, atravessara a contenção, encontrando-me de súbito, com sua aparência asquerosa e dentes afiados. O líquido negro de sua constituição vertia sobre o derredor, enegrecendo ao violeta profundo as nuvens características do reino… eu temi, por um momento… temi não ser capaz de contê-lo.
Seu sibilo e grunhido eram terríficos! Sem olhos, a criatura parecia guiar-se apenas pelo som; raízes cinéreas escurecidas formavam a sua asquerosa fisionomia. Para ser tão poderosa assim, receio que não venha d’um pesadelo qualquer, mas sim d’um abíssico trauma. Não encontrei sua origem ainda, contudo, tenho esperanças. Por hora, exausta me sinto… conter a criatura terrífica esgotou meu poder a um nível mortífero…
Adormeci pouco após o incidente com aquilo, e receio que a mórbida coisa penetrara em violência o meu sonhar — ou o pretendia fazer, pois, tive pesadelos de uma estranheza absurda! Parecia-me que a criatura me observava, mesmo destituído de visão. Lorrt tem cuidado do meu sono, quando me esgoto em perturbações, todavia, sei que ele está passando por um momento difícil que o está atormentando… parece que Somníria trouxe Áurea para ele, isso… me intriga, pois… é perigoso, é um risco imensurável para o Somníria e para todos nós.
Texto publicado na Edição 12 da Revista Castelo Drácula. Datado de janeiro de 2025. → Ler edição completa
Escritora, Poetisa e Sonurista, dedicada à Arte da Escrita há mais de vinte anos. Formada em Psicologia Existencial, amante dos clássicos, fundadora do Castelo Drácula e autora de “Sete Abismos” e “Sonetos Múrmuros”. Sua literatura é densa e lúgubre, sempre imersa em reflexões humanas profundamente existenciais. No Erotismo, a autora se destaca por uma narrativa imersiva e intensa, voltada ao prazer vinculado à dor, além de um poético romantismo sensual…
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